A paisagem desoladora que resultou do incêndio de 2005 foi a semente do projeto Cabeço Santo. Foram criados os primeiros contactos com empresas, nomeadamente com a Celbi, para obter autorização de intervenção nos seus terrenos em Cabeço Santo. Realizou-se também a 1ª campanha de angariação de fundos, para obtenção de um terreno de 7ha que atravessa o Vale de São Francisco, onde se iniciaram os trabalhos com o 1º Campo de Trabalho Voluntário (CTV) em Setembro de 2006.
Assim nasceu o projeto, com a noção de que o restauro ecológico é de interesse geral para a sociedade e que a mesma pode e deve contribuir para o mesmo. O voluntariado foi eleito como a nossa melhor ferramenta para desenvolver o trabalho necessário, tendo ocorrido então, ao longo dos anos o 2º CTV, 3º CTV, 4º CTV, 5º CTV, 6º CTV e 7º CTV onde se continuou o arranque de acácias, o corte de eucaliptos e a plantação de árvores nas áreas onde era possível. Infelizmente, este formato teve de ser abandonado devido a falta de voluntários dispostos a participar vários dias. Estabeleceu-se o que ainda hoje se pratica, jornadas de voluntariado quinzenais ao sábado de apenas 1 dia.
Nos finais de 2007 a Silvicaima, sucessora da Celbi que, entretanto, tinha sido adquirida pelo grupo Altri, mostrou-se disponível para ceder algumas áreas antes ocupadas por eucaliptal. Foi assim que se desenhou o essencial das áreas de conservação, criando-se corredores ecológicos ao longo dos principais vales e do ribeiro de Belazaima. Por esta altura, já as acácias e eucaliptos tinham ocupado extensamente estas áreas e era evidente a impossibilidade de qualquer intervenção significativa por meio do esporádico trabalho voluntário. No entanto, para colocar profissionais no terreno era preciso recursos financeiros, e foi nesta necessidade que surgiu o protocolo com a Câmara Municipal de Águeda, garantindo uma contribuição plurianual.
Em 2008 recebemos a contribuição de 7500€ da CMA e outra de igual valor por parte da Silvicaima, o que permitiu o início dos trabalhos com equipas profissionais, essencialmente corte de eucaliptos e mimosas com aplicação de herbicida na rebentação, nas zonas dos vales nº 3, 4, 5 e 6. Foi também em 2008 que nasceu a página/blogue do projeto, tornando-se um instrumento fundamental na comunicação com a comunidade e voluntários.
Em 2009 e 2010 o projeto ficou em primeiro lugar numa candidatura ao Fundo ONG Ambiente do Espaço Económico Europeu (Fundo EFTA), conseguindo assim um financiamento de 30 000€ que permitiu a continuação dos trabalhos de 2008 e o alargamento da área de intervenção, neste caso, para zonas particularmente difíceis pela orografia do terreno e densidade de coberto vegetal, tendo se realizado algumas operações de queima controlada nos vales nº3, 5 e 7.
Com a intenção de criar contiguidade do corredor ecológico em ambas as margens do ribeiro, foram adquiridas parcelas de antigos habitantes da aldeia Belazaima-a-Velha e de outros particulares, algumas cedidas e outras compradas, que devido ao longo abandono estavam quase totalmente ocupadas por mimosas. Em 2010 iniciaram-se os trabalhos nestas áreas recentemente adquiridas, removendo as invasoras e plantando árvores nativas, também com a ajuda de equipas profissionais.
Em 2015 os eucaliptais começaram a ser cortados, completando 10 anos após o incêndio e um ciclo de exportação. Foi a oportunidade, que só se repetiria daí a mais 10 anos, de aumentar a área de intervenção do projeto, prolongando o corredor ecológico ribeirinho por mais 3km, desde a entrada da mata da Altri, passando pela aldeia do Feridouro, a represa de Belazaima, as terras da Benfeita e das Várzeas, e as últimas parcelas de intervenção na zona da Lavandeira.
Este corredor não é completamente contínuo, embora quase, e por outro lado inclui áreas bastante extensas já fora do espaço considerado marginal ao ribeiro, como a área do Vale de Barrocas e as áreas da Quinta das Tílias, uma iniciativa do coordenador do projeto Cabeço Santo formalizada em 2016. A Quinta é um projeto agro-florestal, com o objetivo de também criar de áreas de conservação para além da produção. A área considerada para renaturalização é demasiado vasta para o fazer sozinha pelo que incluir estas áreas no âmbito do projeto é uma forma de as tornar de interesse e usufruto público, ainda que de titularidade privada.
Versão alargada e promenorizada do Início do Projeto Cabeço Santo