Para este Campo de Trabalho Voluntário, realizado em 9 de Dezembro, inscreveram-se três voluntários, um dos quais de Belazaima, o que é de assinalar, dado que ocorre pela primeira vez. Dada a exigência de alguns dos trabalhos a realizar, foi também convidado um homem não voluntário.
A saída de Belazaima para o Cabeço Santo fez-se pelas 9:30h, sob ameaça de aguaceiros, que tinham caído fortemente toda a noite e depois de vários dias de abundante chuva. Levou-se a carrinha para o mais perto possível da mancha de eucaliptos da encosta norte do terreno, o que obrigou a desobstruir o caminho de alguns eucaliptos caídos.
O objectivo deste dia de trabalhos era principalmente a eliminação dos rebentos dos eucaliptos que ficaram no terreno a adquirir pelo Fundo de Conservação da Quercus após a retirada da madeira de eucalipto por uma empresa madeireira. De facto, esta deixou por cortar um número considerável de eucaliptos queimados, sobretudo na encosta voltada a norte, uns porque eram muito finos e não lhe interessavam, outros porque se encontravam em zonas de mais difícil acesso. Do ponto de vista dos trabalhos a realizar, estes eucaliptos dividiam-se em duas “categorias”: os que ficaram com a parte aérea seca e só rebentaram pela base, e os que rebentaram ao longo do tronco. Embora inicialmente houvesse a intenção de os cortar todos com uma moto-serra, eliminando os rebentos restantes com machadas, rapidamente se verificou que, não só isso levaria mais tempo do que o que estava disponível, como deixava uma grande “confusão” de troncos e ramos no chão e complicava a eliminação dos rebentos restantes. Assim, decidiu-se fazer de maneira diferente: primeiro cortar os rebentos, com machadas e tesouras de poda, e só depois fazer o trabalho de moto-serra, cortando prioritariamente os eucaliptos rebentados ao longo do tronco, isto é os maiores e mais grossos. Deste modo, ficou em pé a maior parte dos eucaliptos não rebentados. Embora se considerasse que, de um ponto de vista estético, seria melhor cortá-los todos, a verdade é que estes eucaliptos em nada dificultam o percurso pretendido para o terreno, e, ficando em pé, não estorvam no solo.
Chegados à hora do almoço já os trabalhos se encontravam então em velocidade de cruzeiro, apesar das condições não serem as óptimas: o terreno estava muito encharcado, e logo escorregadio, os rebentos de eucalipto estavam muito molhados, deixando cair parte dessa água sobre quem os cortava, e ainda, estava frio. Felizmente não caiu mais nenhum aguaceiro, e o céu até se tornou quase limpo, embora nos parecesse que havia quase sempre uma nuvem à frente do sol… Deste modo a paragem para o almoço foi curta, pois que, com luvas, roupa e calçado já parcialmente ou totalmente molhados, não seria muito salutar parar muito tempo. Além disso, a tarde era curta…


À tarde os trabalhos continuaram em bom ritmo, progredindo em direcção ao vale, onde estavam os eucaliptos maiores. Um pequeno incidente com a moto-serra ainda ia comprometendo a sua continuação: tinha-se perdido uma porca, essencial para manter a corrente no seu lugar. Como são duas, só passado algum tempo de se ter perdido é que se constatou a sua falta. Mas por uma circunstância feliz, conseguiu ainda ser encontrada entre ramos e rebentos de eucalipto, e os trabalhos puderam continuar.
Claro, todos os eucaliptos cortados ficaram no terreno. Alguns cortaram-se ainda em vários pedaços, a fim de facilitar o seu contacto com o solo e logo uma mais rápida decomposição. O principal inconveniente do facto é dificultar o acesso para uma eventual acção de plantação de árvores no próximo Inverno. De recordar que as áreas alvo destes trabalhos haviam já sido semeadas no 3º CTV, e o abate dos eucaliptos poderá ter causado alguns danos nessa sementeira, apesar de, certamente, não haver ainda plantinhas em emergência. De qualquer modo, é uma incógnita o sucesso dessa sementeira, o que só poderá ser avaliado mais tarde.
Cerca das 17 horas o dia começava a despedir-se e o essencial dos trabalhos estava feito: todos os rebentos haviam sido cortados e todos os eucaliptos rebentados ao longo do tronco haviam sido abatidos. Ficou por fazer a limpeza do vale principal, deixado num estado caótico após a retirada dos eucaliptos, e também praticamente não se arrancaram acácias. Mas, do terreno a adquirir pelo FCN já elas estão praticamente ausentes, graças aos primeiros CTV’s. O desafio maior será fazê-lo na área mais vasta a proteger na propriedade da Celbi.

Os participantes reuniram-se para a partida, contemplaram a área trabalhada e concluiram: foi um bom trabalho, dava gosto verificar o resultado! O regresso fez-se pelo caminho florestal da Celbi, em direcção ao Feridouro, e era já noite quando se chegou a Belazaima.
É de assinalar o entusiasmo que transpareceu de todos os participantes deste CTV, apesar das condições difíceis em que se desenrolou, e apesar das próprias condições criadas pelas acções realizadas, ruído de moto-serra em particular, criarem um ambiente pouco propício à fruição do espaço natural, se é que assim se lhe pode já chamar, no seu estado presente de recuperação.
Paulo Domingues