O habitat ripícola, ou seja, as margens das linhas de água e também dos vales mais importantes, constitui a “coluna vertebral” da paisagem local, e é tão importante que sobre o “desenho” destas “linhas” no terreno se estabeleceram as áreas de conservação consideradas prioritárias à escala do cabeço. Decorre esta importância de serem estas linhas as “artérias” por onde circula o bem mais precioso à vida – a água – e de ser ela, no clima mediterrânico, tanto mais escassa quando mais “ansiada” é. Depois, é neste habitat que se encontra “concentrada” uma maior diversidade e abundância de seres vivos, de todas as categorias. Finalmente, é central numa perspectiva paisagística.
A espécie dominante nas galerias ripícolas do ribeiro de Belazaima e seus principais vales afluentes é o salgueiro Salix atrocinerea, também conhecido por borrazeira-preta. O amieiro (Alnus glutinosa) e o ulmeiro (Ulmus minor), que são frequentes nas galerias ripícolas do Rio Águeda, não parecem “interessar-se” por cursos de água menos importantes, embora, sobretudo o amieiro, tenha sido plantado pelo projecto e não pareça descabida a sua presença. Também o freixo (Fraxinus angustifolia) não se encontrava espontaneamente nas margens do ribeiro, não é frequente mesmo nas margens do Águeda e dos seus afluentes, só se encontrando com relativa abundâncias nas terras frescas e férteis do Baixo Vouga. No entanto, tem sido plantado pelo projecto nos solos mais férteis, com bons resultados.

O carvalho roble e o castanheiro também surgem com frequência associados às margens do ribeiro, embora o segundo provavelmente por influência antrópica. Alguns dos arbustos associados acima ao carvalhal, encontram também nas galerias ripícolas as suas melhores condições de sobrevivência, sobretudo as mais associadas ao clima temperado, como o sabugueiro, o azevinho, o loureiro e o amieiro-negro. A ser introduzido o azereiro, e já há com efeito alguns exemplares plantados, parece ser este também o ambiente que lhe é mais propício. Um arbusto algo escasso mas que, quando ocorre, nunca se afasta muito das linhas de água é o hipericão-do-gerês, Hypericum androseamum. Uma trepadeira que também aí ocorre com exclusividade é a uva-de-cão, Tamus communis. Outro conjunto de plantas bem característico deste habitat é o das várias espécies de fetos, dos quais o mais vistoso e conhecido é o feto-real, Osmunda regalis. A gilbardeira, embora ocorra por vezes em habitats distintos do ripícola, é mais abundante e com plantas de maior porte neste ambiente.
