Financiamento e outras formas de apoio

Foi uma aprendizagem dos primeiros anos do projecto, a de que, por muito generosa que seja a contribuição voluntária, ela nunca pode substituir a acção de equipas profissionais, e estas custam dinheiro. No momento presente estima-se que haveria trabalho praticamente permanente para uma equipa de dois a três operacionais. Mas isso faria saltar o orçamento para várias dezenas de milhares de euros por ano, o que, de momento, parece inatingível.

Eis as várias fontes de financiamento imagináveis e quais foram as mais efectivas até ao momento:

Autarquias locais

A Câmara Municipal de Águeda, por meio de protocolo (originalmente assinado com a Quercus,  apoiou o projecto desde 2008 até 2019, com 5000 euros por ano (7500 nos primeiros dois anos). A Associação Cabeço Santo, desde a sua formação, envidou esforços no sentido de continuar a obter o apoio do órgão autárquico, mas até ao momento (Setembro de 2021), sem sucesso.

Empresas

A mais expressiva, dedicada e permanente apoiante empresarial do projecto foi uma pequena empresa sediada nos Açores, o Espaço Talassa. A situação actual está explicada nesta página. Este apoio mostrou como uma empresa não precisa de ser grande e multimilionária para apoiar uma causa como a do projecto de forma significativa: bastar haver vontade e compromisso. Mas foi a excepção que confirma a regra. Todos os restantes apoios que o projecto tem tido do universo empresarial são pontuais, de valores mais modestos e muitas vezes indexados à plantação de certo número de árvores. Não significa que não estejamos reconhecidos por esses apoios, mas eles acabam por reflectir um compromisso por parte das empresas em geral que não reflecte a relevância e todas as dimensões do trabalho levado a cabo (que é muito mais do que plantação de árvores). Sem excluir a possibilidade de contribuições pontuais, o que propomos às empresas é uma contribuição plurianual de um valor fixo ou variável, por exemplo indexado aos resultados da empresa em cada ano, como na prática acontecia com o Espaço Talassa.

Cidadãos individuais

Uma hipotética de contribuição de apenas 1 euro por ano de cada um dos 50 000 habitantes do Concelho de Águeda seria suficiente suportar uma equipa de trabalho de três homens todo o ano no terreno. Ou um décimo dessa população com 10 euros por ano. Não parece muito e no entanto é um horizonte muito distante. Até agora as contribuições individuais foram mais relevantes em trabalho voluntário do que em dinheiro, mas para quem não o pode fazer daquela forma, a simples qualidade de associado da Associação Cabeço Santo é uma forma de contribuir. Ver aqui.

Titulares de propriedade

Os titulares da propriedade na área de intervenção são, neste momento, a Altri Florestal, a Quinta das Tílias, e a Quercus. Muitas vezes, de forma mais ou menos explícita, é colocada a questão: porque não são os titulares de propriedade a garantir o financiamento das intervenções? Pois a responsabilidade última pela propriedade é, de facto, deles. Em princípio faz sentido, e em rigor as respostas deveriam ser dadas por esses mesmos titulares. Mas cremos, sem prejuízo de alguma precisão que entendam fazer, que elas são como se ensaia a seguir:

Altri Florestal: tratando-se de uma empresa de exploração madeireira que funciona basicamente segundo as leis do mercado, qualquer investimento não produtivo que seja realizado e que não corresponda a obrigações impostas pela administração pública é sempre muito limitado. Nós [movimento associativo e ambiental] até podemos achar que essas obrigações impostas de cima são quase irrelevantes, mas a verdade é que é assim que as coisas estão, consequência de uma sociedade que valoriza pouco os temas da biodiversidade e da paisagem. Deste modo, durante vários anos a empresa teve uma contribuição bastante passiva, limitando-se a manter a área de intervenção disponível para o projecto. No entanto, nos últimos anos, e em 2020 em particular, a empresa mostrou maior disponibilidade em investir esforços na mata, num momento em que o projecto estava praticamente limitado ao esforço voluntário e sem margem para investimentos remunerados. Essa disponibilidade concretizou-se numa bem sucedida candidatura ao Fundo Ambiental, que permitiu à empresa iniciar a instalação da Estação da Biodiversidade na zona da Ribeira do Tojo /Cambedo / Vale nº 6 e realizar trabalhos de controlo de mimosas na zona ribeirinha, num investimento de várias dezenas de milhares de euros. Há no entanto que reconhecer que, mesmo com a disponibilidade acrescida da Altri para realizar investimentos na área da conservação na Mata, tais esforços serão sempre insuficientes resolver os graves problemas de espécies invasoras que, reconhecêmo-lo, o próprio projecto também não conseguiu resolver em anos de trabalho.

Quinta das Tílias: a Quinta é uma empresa que foi formalmente criada em 2016, embora a sua “germinação” já viesse desde muitos anos antes. Tem uma área produtiva (exceptuando o eucaliptal) de 10 ha dedicados à fruticultura em modo de produção biológico. No entanto, tendo a instalação das fruteiras (macieiras, pereiras, citrinos e medronheiros) decorrido desde 2019 (e de facto não estando ainda concluída, prevendo-se que tal aconteça apenas em 2022), a empresa não atingiu ainda o equilíbrio financeiro, pelo que está limitada na sua capacidade para realizar investimentos na extensa área de conservação (c. de 60 ha) que decidiu criar. Ainda assim, na sua qualidade de titular, tentou obter financiamentos por várias vias:

  1. Fundo Ambiental, em 2020, não tendo sido bem-sucedida
  2. PDR (Portugal 2020), medida 8.1.5, medida 8.1.4 e medida 8.1.2 (todas rejeitadas).

Não deixa de ser surpreendente (pela negativa) e desanimador que todas estas 4 tentativas de financiamento tenham sido mal-sucedidas, mesmo com custos significativos de consultoria no caso das medidas 8.1.4 e 8.1.2. No caso da candidatura à medida 8.1.2, a Quinta suportou por si própria os custos de plantação de 3 ha de floresta autóctone em Vale de Barrocas, a preparação do solo para plantação na Costa da Malhada (4 ha) e a plantação de quase 1 ha de floresta autóctone no Lousadelo.

Quercus: sendo uma associação e não uma empresa, a Quercus só pode dispor dos meios que ela própria consegue angariar para apoio às suas causas. No entanto, tendo sido a base institucional do projecto até 2019, os meios que a associação foi angariando foram para o projecto no seu todo e não exclusivamente para a área da qual é titular (ou áreas, considerando, para além do terreno nas Bicas de Aguadalte, as propriedades ribeirinhas na Ribeira do Tojo e no Cambedo). Mas, já em 2021, a Quercus, por meio do Núcleo de Aveiro, conseguiu disponibilizar um apoio cuja promessa já vinha de trás e que tem como principal alvo de aplicação as áreas referidas: um apoio da ADRA no âmbito de uma promoção da adesão à factura electrónica.

Fundo ambiental

Como referido acima, apenas a Altri Florestal foi, em 2020, bem sucedida na candidatura a um financiamento para a área da biodiversidade. Muito exíguo no seu montante, o fundo deixou de facto a grande maioria das candidaturas a “ver navios”, e os critérios de avaliação foram questionáveis. É, na prática, mais uma expressão da pouca relevância que a sociedade e a administração concedem ao tema que nos ocupa.

PDR

Extremamente burocrática e demorada na avaliação das candidaturas, esta fonte potencial de financiamento tem demonstrado a sua inconsequência, como referido acima.

Campanhas de angariação de fundos (Crowdfunding)

Esta possibilidade ainda não foi suficientemente explorada, mas deverá sê-lo no futuro.

Voluntariado

Até agora o voluntariado tem-se baseado na cidadania da região, com os Sábados de jornadas voluntárias que vêm quase desde o início do projecto. No entanto, outras oportunidades a explorar são os esquemas de voluntariado de média e longa duração, capazes de trazer voluntários de paragens mais longínquas. Claro que, para isso, é necessário ter condições de alojamento e coordenação que ainda não existem neste momento. Ver também aqui.

Turismo

A Quinta das Tílias tem em preparação uma candidatura ao Turismo Fundos (Portugal 2020) para edificação de uma estrutura de apoio ao projecto no Feridouro. Trata-se de um Hostel, que pretende valorizar a função turística, revertendo financeiramente para o projecto, a função de apoio a voluntários, sobretudo de longa duração, e a função educativa e formativa, através valorização dos recursos da Quinta do Feridouro como fonte de informação e inspiração. A estas componentes também poderá estar associada outra de prestação de serviços, ainda que de retorno financeiro marginal.

Proprietários

Proprietários de parcelas que se integrem de forma coerente na área de intervenção do projecto podem ser cedê-las, total ou parcialmente, mediante um protocolo ou contrato de cedência. Ver “Cedência de propriedade”.

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