E agora, que já estamos em 2020, vamos lá fazer um balanço sumário de 2019 e lançar uns olhares sobre o ano que agora começa.
Em 2019 realizaram-se 19 jornadas de trabalho voluntário e uma de visita. Nas jornadas de trabalho participaram 102 pessoas, num total de 212 dias de trabalho (inclui coordenadores locais, Paulo e Jorge). Dos 102 voluntários, 31 participaram mais de que uma vez e os restantes 71 apenas uma vez. E quem foram os “vencedores” da participação (é uma surpresa mesmo para eles!)? Paulo Vinagre, Nelson Ribau e Margarida Fonseca (não se consideram aqui o ou os coordenadores locais presentes). Estes voluntários participaram em mais de metade das jornadas realizadas. Pelo lado negativo, houve 9 pessoas que se inscreveram e (em geral sem justificação), nunca apareceram.
Os voluntários fizeram trabalhos de plantação de árvores, cuidado das árvores, incluindo regas, controle de invasoras, apanha de bolotas e finalmente sementeira das mesmas (bolotadas). Foi a participação na Grande Bolotada Ibérica!
Também se realizaram trabalhos profissionais: uma equipa trabalhou na área de convergência dos vales nºs 3, 4 e 5 na mata da Altri (financiada pela empresa) em controle de invasoras e outra, da Associação Florestal do Baixo Vouga, no Vale de São Francisco (5 dias sem custos, ao abrigo de um protocolo) e na zona ribeirinha do Pé torto. Como prestador de serviços, o Jorge Morais realizou trabalhos diversos (controle de silvado e invasoras, plantação, rega, cuidado das árvores) sobretudo ao longo do corredor ribeirinho.
Nas novas áreas de intervenção do Cabeço da Lavandeira e do Lousadelo as toiças de eucalipto foram desvitalizadas com herbicida. Nas Costas do Rio/Feridouro, o matagal foi cortado, para tornar possível a sementeira (trabalhos financiados pela Quinta das Tílias).
Durante este ano o projecto foi apoiado principalmente pela empresa Espaço Talassa, dos Açores. A empresa “A Bolseira SA”, de Águeda, deu também um pequeno apoio e a activista Constanze Flamme promoveu a concessão de donativos individuais no âmbito de um evento artístico realizado no Porto. Uma tonelada de celtonita oferecida pela Zeocel (empresa de Águeda) ainda no final de 2018 foi gasta nas plantações do Inverno. A IPSS “Os Pioneiros”, da Mourisca, Águeda, ofereceu algumas das refeições para as jornadas voluntárias. A Critec (Águeda) deu algum apoio material e um pequeno donativo. A Associação Empresarial de Águeda (AEA) disponibilizou-se para mediar o contacto com empresas locais, daí tendo resultado até ao momento o apoio acima referido, esperando-se contudo resultados mais expressivos para o futuro.
Pela negativa, o projecto foi abandonado pela associação que o acolheu durante 13 anos, a Quercus, o que, para já, o impediu de receber da Câmara Municipal de Águeda o valor concedido em 2019 no âmbito do protocolo existente (o de 2018 acabou retido numa conta da Direcção Nacional da Quercus e também não chegou ao projecto). O Núcleo de Aveiro procurou contrariar o abandono, mas não podia fazer mais. Veremos se outros apoios prometidos em 2019 (e alguns deles também fruto do esforço do presidente da Direcção do Núcleo Regional de Aveiro da Quercus) ainda conseguem chegar ao projecto. Ainda pela negativa, parece ter falhado uma candidatura da Quinta das Tílias à medida 8.1.5 do PDR (Melhoria da resiliência e do valor ambiental das florestas) para áreas sob intervenção do projecto (“parece” porque o resultado foi reclamado e ainda não houve resposta).
Por falar em perda, este também foi o ano em que pessoas com atitude muito positiva em relação ao projecto desapareceram: em Julho o Engº José Neves dos Santos, natural do Feridouro e em Dezembro Serge Viallelle, do Espaço Talassa. Permitam-me também recordar duas pessoas que partiram também este ano e que eram as mais antigas sobreviventes nativas do Feridouro, embora já não vivessem lá: a D. Mercedes, com 101 anos, mãe da D. Teresa, que ainda lá vive, e a D. Lurdes, também já de avançada idade, viúva do Sr. Albertino, tendo ambos vivido na casa que é agora do Jorge Morais. E assim se vão desvanecendo as memórias vivas de quem atravessou quase do princípio ao fim esse vertiginoso sec. XX!
Pela positiva e na sequência do abandono acima referido, foi criada a Associação Cabeço Santo, por escritura pública realizada no dia 26 de Dezembro! Ainda pela positiva, foi submetido pela Quinta das Tílias um PIP para edificação de uma estrutura de apoio ao projecto no Feridouro, na forma de um Hostel, estando também em preparação uma candidatura ao Turismo Fundos. Também pela positiva, foi submetida uma candidatura da Quinta das Tílias à medida 8.1.2 do PDR (Instalação de Sistemas Agroflorestais), que embora não sendo tão sintonizada com os objectivos do projecto como a 8.1.5, inclui ainda assim algumas áreas a este associadas.
Os grandes desafios do projecto para 2020 são assim os da nova Associação Cabeço Santo – Recuperação ecológica e paisagística! E quais são eles?
Em primeiro lugar, formalizar as parcerias com os principais titulares de propriedade, a Altri Florestal, a Quinta das Tílias e a própria Quercus, se esta decidir manter-se associada ao projecto, como foi proposto, numa área total de intervenção que, no final de 2019, é de 122 ha. Também, abrir-se à integração de parcelas de outros titulares, ou partes de parcelas.
Manter, e se possível incrementar, o apoio da sociedade, materializado na participação voluntária e no apoio de entidades institucionais.
A nível dos recursos financeiros, renegociar o protocolo com a Câmara Municipal de Águeda até agora existente com a Quercus, e sobretudo tentar diversificar as fontes de apoio. Renegociar também o apoio da Associação Florestal do Baixo Vouga (que não é um apoio financeiro directo, mas em mão de obra).
Ao nível das operações no terreno, estabelecer prioridades e executar as correspondentes acções, contratando equipas e acompanhando os trabalhos. Promover a participação voluntária e organizar as famosas Jornadas Voluntárias no Cabeço Santo. Procurar implementar outras formas de voluntariado, concretamente de médio e longo prazo.
Ao nível da comunicação, actualizar as páginas fixas deste website (www.ecosanto.com), que se encontram muitíssimo desactualizadas, melhorando o seu conteúdo (este trabalho já se encontra bastante avançado, offline).
Apoiar, na medida do possível, as entidades que quiserem ter no projecto matéria para a realização de acções de educação ambiental. Sobretudo escolas, mas também associações e empresas.
Esta lista não pretende ser exaustiva nem condicionar o trabalho da Direcção da Associação Cabeço Santo. Mas só por si já é um conjunto muito grande de desafios.
Embora não seja da responsabilidade da Associação, mas do parceiro Altri Florestal, prevê-se que avance em 2020 a Estação da Biodiversidade, para a qual já foram realizados trabalhos de campo. Aliás, como já vinha a acontecer, os trabalhos na área de intervenção do projecto incluirão os que forem promovidos pela Associação mas também os que forem financiados ou realizados pelos parceiros, naturalmente, num esforço coordenado e conjunto.
Vamos então abraçar 2020? O calendário das Jornadas de Inverno está mesmo a chegar!
Paulo Domingues