A jornada de visita à área de intervenção do Projecto Cabeço Santo, muito participada, foi um momento de observação do presente, reflexão sobre o passado e imaginação do futuro, sobre o que queremos, ou achamos que vale a pena querer, para este pedaço de paisagem.

Os desafios são imensos, isso já o sabíamos, mas só o contacto com a “coisa” viva e real, pode produzir mais do que conhecimento, pode produzir algo como um sentimento de compaixão, que clama por acção.
Começámos logo por verificar isso na área adjacente ao vale de S. Francisco, ainda tão dominada por espécies vegetais impróprias do lugar, e verificámo-lo também no terreno adquirido pela Quercus em 2006, onde, 15 anos depois, muito está ainda por fazer. Quer dizer que não valeu a pena? Não pensamos que seja uma conclusão justa: se nada tivesse sido feito a situação seria pior, e foi por se ter começado aí que muito mais se conseguiu fazer noutros locais.

Depois da passagem pelas Bicas de Aguadalte e pela nova área que aí se encontra para plantar no próximo Outono/Inverno, o grupo chegou à cota dos 390 metros, com excelente perspectiva sobre a área que foi a principal motivadora da criação do projecto. Infelizmente a razão que justificou essa criação (a ameaça de expansão das áreas não cultivadas por espécies invasoras) ainda permanece, embora neste âmbito haja boas notícias: o insecto Trichilogaster acaciaelongifoliae, aqui libertado há três e dois anos, parece ter-se dado bem, e pela primeira vez se observam plantas repletas de galhas, e, portanto, com escassa produção de sementes. A “má” notícia é que o insecto parece ser pouco móvel, disseminando-se pela área com lentidão.


Mas, o principal motivo de interesse desta área continua a ser as flores, com toda a sua diversidade e beleza. Já a descida para a zona ribeirinha foi mais célere, entre eucaliptais cortados e as mimosas do vale nº 7…








A intervenção na zona ribeirinha iniciou-se há 12 anos (em 2009), na zona do Cambedo e da Ribeira do Tojo, e resultou na mais radical alteração da paisagem de toda a área de intervenção. Com uma ocupação inicial de mimosas e eucaliptos e a quase total ausência de vegetação autóctone de porte arbóreo, é hoje dominada por carvalhos, castanheiros e salgueiros. Ocupa algumas das antigas terras agrícolas da aldeia agora desabitada de Belazaima-a-Velha, o que favoreceu o processo de transformação, ainda que com muito e persistente trabalho. Estas terras eram de proprietários privados e tiveram inicialmente uma garantia de aquisição a favor da Quercus, mas a aquisição em si não se chegou a concretizar, propondo-se agora que sejam adquiridas pela Associação Cabeço Santo. Por aqui foi também instalada a Estação da Biodiversidade por parte da Altri Florestal, com vários painéis explicativos.






A evolução dos últimos 12 anos foi dramática (para melhor!) ao longo destes 800 metros de margens ribeirinhas, mas que isso não nos deixe descansar: os desafios aumentaram enormemente ao longo destes anos!

Como sempre costuma acontecer, à saída da Ribeira do Tojo o relógio já ia adiantado. Passou-se pelo Vale de Barrocas quase a correr, desceu-se ao Chão do Linho, atravessando pela última vez o ribeiro e caminhando rapidinho até ao Feridouro, onde se chegou já cerca das 14 horas… Urgia seguir para o almoço, já no parque urbano de Belazaima, e só depois se tirou a foto dos participantes.



À tarde ainda decorreu a Assembleia Geral da Associação Cabeço Santo, mas sobre esta falaremos noutro momento. Agora, que observámos e reflectimos, é tempo de voltar ao trabalho: a próxima oportunidade é já no dia 5 de Junho, comemorando condignamente o dia dedicado ao ambiente! Até lá.
Agradecimentos ao João Pedro Cruz pelas suas fotos.