E aconteceu uma das mais esperadas jornadas do ano: a jornada de visita! Com quase vinte participantes, iniciou-se, como é tradicional, na capela do Feridouro, com a subida do cabeço ao longo do Vale de São Francisco. Com as pernas ainda frescas, a íngreme subida abordou-se sem hesitações. Não é que a paisagem do entorno do vale ajude muito, pois os eucaliptos que restam da antiga plantação ainda estorvam a apreciação do espaço. No entanto, muitas árvores foram já aqui plantadas e muito trabalho de remoção de mimosas realizado.


A subida continuou pelas Bicas de Aguadalte, chegando-se ao terreno da Quercus, onde se contemplou o cabeço a partir de baixo, e continuou encosta acima até finalmente se atingir o antigo caminho da mata, já à cota dos 380 metros e depois de vencido um desnível de 200 metros! Foi exigente, mas bastou aí chegar para começarem a aparecer as “recompensas”! Lá no céu tivemos a aparição de duas aves de presa pouco comuns por estas paragens: o milhafre negro e a águia calçada. Mais acessíveis, pelas rochas de xisto, as flores, cuja floração atinge agora o seu zénite!











Este ano foi ainda possível prestar uma atenção particular aos insectos, em particular às borboletas, devido à presença de uma bióloga do Tagis. Isto claro, sem esquecer o “nosso” biólogo de serviço, que nos foi esclarecendo devidamente sobre o mínimo que havia a saber sobre as aves observadas no Cabeço Santo.





Depois de se atravessarem, quase sem se dar por isso, os vales nºs 2, 3, 4 e 5, e de constatar o muito que há ainda a fazer no domínio da Acacia longifolia, a descida fez-se entre os vales nºs 6 e 7, entre eucaliptos e mimosas de que não fica memória (relevante). Assim sendo, desceu-se depressa, que a gravidade ajudava, e num instante estávamos no ribeiro. E aí se teve um momento de relaxamento, com tempo para molhar os pés cansados, observar as libelinhas e aprender sobre as aves da zona ribeirinha.

A caminhada continuou pelo corredor ribeirinho, já com muitos carvalhos e castanheiros, introduzidos desde 2010, e era bom que assim fosse sempre até ao Feridouro, mas por enquanto ainda não. Depois da agradável paragem no antigo limite das terras do Belazaima-a-Velha, com uma pequena cascata de águas cristalinas, teve que se atravessar um eucaliptal acabado de cortar, que irá ser incluído na área de intervenção do projecto, mas que por enquanto é um tanto árido, já para não falar da zona ribeirinha, ainda com mimosas. Felizmente o dia estava fresco, pois de contrário seria penoso. E assim se chegou rapidamente ao Chão do Linho, já mais colorido, e daí até ao Feridouro foi um saltinho. Mas já eram quase 14 horas, o que significou mais de 4 horas de caminhada! Até deu vontade de ficar pelo Vale de São Francisco, que tinha uma boa sombra, em vez de subir à Capela do mesmo santo… Mas era aqui que estavam as mesas.






O almoço foi regenerador e seguiu-se o programa da tarde: pensar a estrutura a erigir no Feridouro que melhor sirva os objectivos do projecto e mais geralmente do ideal no qual ele se integra: procurar estabelecer uma maior harmonia na relação entre o ser humano e a natureza. Foi uma interessante discussão, que se prolongou até às 19 horas, um verdadeiro “momento fundacional”! Mas sobre ela não iremos falar agora, que o texto já vai longo!




Obrigado a todos pelas contribuições e em particular aos fotógrafos Margarida Fonseca, Liliana Meleiro e Paulo Vinagre.
E agora, voltamos às ferramentas! Até breve.
Paulo Domingues
Excelente reportagem, foi mesmo um dia agradável. Pena eu e o João Dinis (e o Punti, que vinha cansado mas contente) termos de nos ausentar antes da foto de grupo… gente muito solicitada é assim! Quem não participou não sabe o que perdeu, não só pelo passeio, pelo convívio, pela aprendizagem mas pelo mais importante destas jornadas anuais, que é acabar a manhã com a satisfação de ver os resultados de um trabalho colectivo de recuperação de ecossistemas e ficar muito mais animado para continuar a participar nas Jornadas de Voluntariado.
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