A jornada extraordinária de Sábado passado decorreu numa parcela da nova área de intervenção onde ainda não se tinha realizado qualquer trabalho, de facto a última onde faltava começar. É uma parcela em torno do Vale de São Francisco, que inclui uma antiga terra agrícola a poente do vale e uma encosta inclinada a nascente. A encosta inclinada tinha rebentação de eucalipto, mas também carvalhos e loureiros, que nas últimas décadas foram levando a melhor sobre os eucaliptos, contando até com alguns carvalhos bem grandes e bonitos. A terra tinha silvado, carvalhos pequenos e mimosas grandes. Os carvalhos pequenos, muitos, teriam tido origem num pequeno bosque de carvalhos grandes, também ele herdeiro do abandono destas antigas terras agrícolas, vizinho para poente da parcela deste dia, e também já incluído na área de intervenção do projecto. Ao longo do vale são também abundantes os salgueiros, sobretudo do lado da encosta, já que do lado das terras um muro de pedra delimitava claramente a área cultivada, que até agora tinha eucaliptos e mimosas.
À chegada a equipa dividiu-se entre o corte do silvado com a moto-roçadora, uma tentativa (que se revelaria frustrada) de limpar uma passagem canalizada para a água do vale sob o caminho de acesso, e a limpeza da rebentação de eucalipto da encosta. Esta limpeza foi, aliás, inesperadamente abrangente: foram retiradas da encosta dezenas de garrafas de vidro, facto explicado (se é que tem explicação) por esta encosta ir até ao caminho principal de acesso ao Cabeço Santo a partir do Feridouro. Fácil acesso, portanto… Mas, pior ainda do que garrafas, lá em baixo na terra, mesmo junto ao vale, foi encontrado um tubo de raios catódicos, peça fundamental dos antigos televisores. Sem palavras, mas com imagem…


Logo que uma limpeza básica do silvado foi concluída, iniciaram-se os trabalhos de corte das mimosas e a sua desmontagem, isto é, desramação. A abundante ramada foi a seguir triturada no nosso já conhecido triturador, o que permitiu obter um bom monte de ramada triturada, um material útil a partir de uma planta inconveniente. Aliás, a propósito de plantas inconvenientes: descobrimos que temos na área de intervenção mais uma espécie invasora: a erva-da-fortuna (Tradescantia fluminensis), junto a um muro da parcela que cuidámos neste dia. Mas nada de assustador comparado com as plantas inconvenientes que já conhecíamos.





E assim se passou a manhã, e a tarde. Foi um agradável dia de temperaturas amenas e sol aberto depois de uma semana inteira em que ele andou escondido. A paisagem também ajudava pois aqui não estava tão degradada como na generalidade dos locais da área de intervenção. E as águas límpidas do Vale de São Francisco, ainda que desviadas do seu curso milenar, faziam coro com os pássaros do bosque vizinho. Só foi pena termos perturbado essa “orquestra” com três ruidosos “instrumentos”: a moto-roçadora, a moto-serra e o triturador! E entre todos, devem ter “tocado” 95% do tempo. Paciência, haverá outras oportunidades para contemplar. Mesmo assim, ainda pudemos contemplar uma salamandra-lusitânica, que se deve ter sentido arreliada com tanto movimento. Uma observação sempre recompensadora de uma espécie emblemática. Era quase final de dia e logo deixámos toda a parcela para a salamandra e seus amigos. Supostamente, em melhor estado do quando ali tínhamos chegado, pela manhã.



Um obrigado a todos os voluntários presentes, especialmente aos colaboradores da Mata do Buçaco, que nos trouxeram preciosos presentes!
E agora é que é: a próxima jornada, a 21 de Novembro, será a grande jornada de fabrico de bolas de sementes! Até lá!
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