E a grande jornada de fabrico de bolas de sementes aconteceu! Laboriosamente preparada ainda durante a semana, com a preciosa ajuda do Bernardo Markowsky do Movimento Terra Queimada, todos os materiais e equipamentos estavam a postos para o grande dia: betoneira, pulverizador, alguidares, baldes, mesas, balança, coador, rolos da massa, cantoneiras, colheres de jardinagem, ripas de madeira e plástico de secagem, do lado dos equipamentos, e argila, substrato, arruda e sementes do lado dos materiais. Para saírem bolas só faltavam portanto as mãos, e a vontade. E ambos estiveram generosamente presentes.
Para começar, a grande estreia, só ensaiada durante a semana: o fabrico de bolas de bolotas com betoneira. O processo é delicado e exige grande perícia: começam por se colocar as bolotas, molhadas, dentro da betoneira. Depois liga-se o aparelho e começa-se a polvilhar com argila em pó, pulverizando de vez em quando com uma nuvem muito fina de chorume de arruda. Nos momentos certos, polvilha-se também com substrato. E assim, as bolotas vão ganhando uma camada protectora, que cresce gradualmente até que adquire a espessura adequada. E pronto, retiram-se da betoneira e colocam-se a secar!






Mas existe também a outra modalidade: o fabrico manual. Como só tínhamos uma betoneira e esta era necessária para fazer a “massa” para o fabrico de “bolachas” de sementes pequenas, e como, por outro lado, tínhamos muitas mãos, deu-se asas ao fabrico manual, o que permite obter bolas de certo modo impregnadas, não só dos ingredientes, mas também da vontade que faz moldar a massa. Se isto contribui para o sucesso da germinação, não sabemos, mas lá que as bolas ficam com um aspecto diferente, isso é verdade. De resto, a massa é idêntica para todos os processos: 2/3 de argila em pó; 1/3 de substrato fino, e claro, o chorume de arruda.



E então o que é isso das “bolachas”? É simples: faz-se uma mistura seca na betoneira incluindo a argila, o substrato e uma quantidade matematicamente determinada de sementes da espécie escolhida. Depois acrescenta-se chorume de arruda até ficar com uma boa consistência. Leva-se então à mesa, onde, por acção de espalhadores e de rolos da massa, se cria uma camada de espessura uniforme. Depois corta-se em pedacinhos (as “bolachas”), e já está: estão prontas a secar. O objectivo é que fique, em média, uma ou duas sementes viáveis por bolacha.




E agora presumo que já estão os leitores a perguntar: e porquê chorume de arruda? Não servia água simples? Mas isso é um segredo que não vou revelar aqui. Quem quiser saber tem de participar numa oficina de bolas de sementes! Próximas oportunidades? Bem, no Cabeço Santo não temos mais nenhuma prevista para este ano mas os nossos amigos do Movimento Terra Queimada, que nos ajudaram não apenas na preparação mas também no Sábado com a presença da Teresa, vão também organizar um evento afim no dia 29 de Novembro na Quinta das Uchas em Manhouce, São Pedro do Sul. É só irem até lá! E o segredo será por certo revelado!



Um obrigado à Teresa e ao Bernardo por toda a ajuda, partilha de conhecimento e reportagem fotográfica (disponível de forma muito mais exaustiva nas várias páginas no facebook que a publicaram – Cabeço Santo, Movimento Terra Queimada e citações), também à Cerâmica do Alto pela oferta da argila em pó e à Claudia pela arruda. E claro, a todos os voluntários que participaram, alguns vindos bem de longe. Mas permitam-me uma referência especial à presença de um voluntário local (de Belazaima). É que a presença de voluntários locais não tem sido habitual. E gostaríamos muito de tê-los, nem que fosse só de vez em quando. Vamos lá ver se esta “semente” germina, nem que precise de algum tempo para quebrar a dormência. A próxima oportunidade? É já no dia 12 de Dezembro, quando vamos iniciar o lançamento das bolas (e das bolachas, claro). Será outro grande momento com certeza. Até lá!
Paulo Domingues
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Ora bolas, tive outro compromisso associativo e faltei!!!! Com tanta gente o convívio deve ter sido mesmo bom…