A jornada prevista para 31 de Outubro esteve quase para ser cancelada, devido a umas cinzentas previsões meteorológicas que, variáveis, como o próprio tempo, se foram sucedendo. Mas em boa hora se decidiu manter a jornada, que afinal teve apenas uns pingos, mais de abençoar do que de molhar.
Nesta jornada participavam dois voluntários que só podiam vir de manhã, pelo que se optou por um local de fácil acesso, junto ao ribeiro, 300 m a montante do Feridouro. Fácil acesso, contudo, não significou fácil intervenção, pois que esta jornada, ao se realizar numa das áreas “novas”, foi um autêntico trabalho de “partir pedra”, quase os primeiros passos na recuperação desta área. Não é que não tenha já havido aqui trabalho, de facto, o eucaliptal até já tinha sido cortado em 2014, e o madeireiro até levou uma parte das muitas mimosas que por aqui existiam, mas muitas outras ficaram, desde os pontos mais inacessíveis da encosta até às margens do ribeiro. Também ficaram imensas árvores caídas no chão e dentro do próprio ribeiro, certamente devido à dificuldade em as recolher. Por isso também uma equipa da Associação Florestal do Baixo Vouga tinha já realizado aqui um dia de trabalho, cortando mimosas e eucaliptos, e triturando a ramada. A rebentação das plantas destas espécies já tinha sido pulverizada com herbicida no Verão. Contudo ainda tinha restado uma pequena mancha na encosta e algumas mimosas nas margens do ribeiro, pelo que nesta jornada nos propusemos concluir o trabalho de corte e juntar muita da lenha que tinha ficado espalhada pela encosta e no próprio ribeiro, e que tinha algum potencial para ser aproveitada.
Curiosamente, apesar da densidade de eucaliptos e mimosas que ocuparam este local nos últimos 10 anos (quer de uns, quer de outras, densidade muito aumentada pela germinação do banco de sementes a seguir ao fogo de 2005), também se encontravam por aqui algumas árvores e arbustos nativos, que, depois de 10 anos de intensa competição, finalmente se vêm livres de tão agressiva e inconveniente companhia: identificámos pelo menos alguns carvalhos, adernos e loureiros, estes até relativamente abundantes, desde as margens do ribeiro até às cotas mais elevadas da encosta.



As primeiras fotos tiraram-se a meio da manhã, já os trabalhos iam avançados na encosta. Aí só ficaram algumas mimosas em pé, que se preferiu descascar, devido à dificuldade em retirar de lá a lenha. À tarde as atenções concentraram-se já nas margens do ribeiro, onde tinham ficado em pé algumas mimosas grandes, que se cortaram. Neste local passava também uma antiga levada, que levava água para um moinho situado a jusante. Como noutros locais da zona ribeirinha, nasceu a ideia de recuperar esta levada para servir de trilho de visita. Por isso, neste dia se deu também início à árdua tarefa de limpar a levada. Árdua devido ao grande número de árvores que ficaram caídas, como foi referido acima. Mesmo assim, graças a um intenso trabalho de moto-serra, ainda se conseguiram desobstruir uns 50 metros de levada. Por agora, o panorama que daqui se pode observar é desolador, mas que isso não nos roube o ânimo. Também o ribeiro foi deixado com grandes mimosas no seu leito. Algumas foram removidas nesta jornada, outras ainda terão de esperar por outra.








Na margem sul do ribeiro, o panorama também é bastante preocupante, mas para já resta-nos concentrar no que podemos fazer, e não desalentar pelo que não podemos, pelo menos para já. Ainda havia bastante luz quando o trabalho terminou, não por as energias se terem esgotado, mas por se ter esgotado o óleo para as moto-serras e de pouco mais se poder fazer sem elas. Aproveitou-se para fazer uma pequena caminhada para montante para planear trabalhos futuros.



Tinha sido um dia de intenso trabalho, com dois voluntários estreantes e ainda uma companhia canina. Todos prometeram voltar! E atenção que a próxima jornada é especial: teremos uma oficina experimental de bolas de sementes!
As fotos desta jornada foram de Paulo Domingues e Abel Barreto. Obrigado a todos os participantes!
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