Como é sabido, o Inverno foi tempestuoso. As pontes do Trilho da Serra foram arrastadas. Troncos de árvores caídas foram transportados pelas águas de um pequeno ribeiro momentaneamente caudaloso, e em alguns locais “seleccionados” foram retidas, formando pequenas barragens. Mas “depois da tempestade veio a bonança”: com interrupções pontuais, a Primavera foi suave e com chuvas bem distribuídas. E o Verão, pelo menos até agora, não “quis” interromper esse “temperamento”, mantendo-se fresco e húmido até meados de Agosto. Como consequência, a vegetação, sobretudo a mais própria do clima temperado do norte, prosperou e desenvolveu-se mais do que é habitual. Os nossos apreciados carvalhos, que às vezes suportam estoicamente as agruras do mais duro clima mediterrânico, este ano “deliciam-se” com um tempo mais parecido com o de Inglaterra, onde a espécie tem o seu “clímax”. As árvores plantadas este ano, e portanto no seu Verão de maior vulnerabilidade, vão ancorando com facilidade neste jardim das delícias.


No entanto, este fantástico Verão também trouxe alguns inconvenientes: tal como os carvalhos, também os fetos e o silvado cresceram vigorosamente, invadindo o espaço dos primeiros e às vezes num abraço demasiado absorvente. Sobretudo nos locais onde não tinha sido possível intervir na Primavera, e mesmo nalguns destes, era possível constatar no início de Agosto cenários surpreendentes de crescimento explosivo daquela vegetação, um fenómeno a requerer trabalho adicional, pois um carvalho de 3 a 4 metros de altura ainda tem dificuldade em competir perante a presença agressiva daquelas duas espécies.



Já onde dominam as gramíneas, como em duas das parcelas plantadas no último Inverno, é mais fácil manter o controlo, pois que estas plantas acabam por deixar secar a sua parte aérea no Verão. No entanto a competição com as plantas introduzidas parece ser maior. Também as mimosas, essas nossas “arqui-inimigas”, parecem este ano ter aparecido em maior número em zonas já razoavelmente controladas. Mais trabalho em perspectiva também…

A Câmara Municipal de Águeda recuperou finalmente as duas pontes do Trilho da Serra no seu percurso pelo Cabeço Santo. No entanto, devido ao facto referido acima (acumulação de lenha em certos sítios das margens do ribeiro) há um local onde ele ainda se encontra bloqueado. Espera-se conseguir o seu desbloqueio ainda durante o mês de Agosto.



Paulo Domingues