Na segunda semana de Julho uma equipa da Associação Florestal do Baixo Vouga trabalhou na remoção de uma mancha de mimosas na zona da Ribeira do Tojo, um pouco a montante de um dos grandes vales que desce do Cabeço do Meio até ao Ribeiro. Esta é uma das duas manchas densas que conseguiu recuperar depois da primeira intervenção há 5 anos. Para isso contribuiu o facto de na altura haver uma massa considerável de troncos de mimosas queimadas no chão, o que dificultou as operações de controlo posterior. Mas agora já se decompuseram em boa medida, pelo que pareceu ser um bom momento para re-intervir. Desta vez optou-se, dada a possibilidade de o fazer, por triturar toda a ramada e troncos de pequeno diâmetro num triturador acoplado a um tractor. Desta forma não ficam a estorvar no terreno e dão origem a um produto (a ramada triturada) que pode ser utilizado para melhorar o solo. Claro, como tudo, é uma opção com custos (mão de obra, gasóleo, máquina), e só se pode por em prática onde vai um tractor, o que não é sempre o caso no Cabeço Santo.




Neste caso, o material triturado ficou em monte, dando-se de imediato início a um processo de fermentação com libertação de calor, uma das fases do processo de compostagem, que eventualmente terá como resultado um composto vegetal, cuja qualidade como fertilizante ainda está por apurar. Esta não é contudo a forma mais conhecida de utilizar este material, que mais frequentemente não inclui folhagem, sendo antes o resultado da trituração de ramadas de poda de lenhosas de folha caduca durante o Inverno. O material resultante, por certo mais pobre em azoto do que as ramadas de mimosa, pode ser utilizado directamente no solo (sem compostagem prévia) sendo então o processo de decomposição preferencial os fungos e não as bactérias como no caso da compostagem quente. Mas o resultado é, mesmo assim, uma melhoria do solo, podendo também ter o papel de um “mulching” (cobertura), que limita o desenvolvimento de plantas espontâneas, quando estas são inconvenientes. Ora, é exactamente isso que acontece quando se introduzem árvores e arbustos, que quase invariavelmente sofrem a concorrência de plantas espontâneas mais robustas e vigorosas, obrigando a uma trabalhosa intervenção humana de desafogamento. Poderá a aplicação de uma cobertura de ramada triturada (ou mais especificamente de mimosa, com as suas características específicas) ter a dupla vantagem de fortalecer as plantas introduzidas e ainda limitar a concorrência das espontâneas? Podemos agora começar a experimentar: as primeiras aplicações de ramada fresca (não compostada em monte) já foram feitas, logo ali ao lado, em árvores plantadas no último Inverno. Neste caso, em medronheiros plantados num morro seco e aparentemente estéril, de onde já havia sido removida uma mancha de mimosas, mas também mais abaixo onde as plantas introduzidas têm já a concorrência de algumas espontâneas.


Entretanto, uma nova área com espaço livre para novas plantações (e sementeiras) ficou disponível para o próximo Inverno. E o composto para as respectivas fertilizações já lá está!

Ainda, uma curiosidade: na área agora trabalhada existia, ainda em pé, uma grande mimosa queimada no incêndio de 2005. Caíu finalmente este ano. Era a última árvore queimada nesse incêndio ainda em pé em todo o Cabeço Santo. Outras, sobretudo eucaliptos, mas também alguns carvalhos, conseguiram recuperar as respectivas partes aéreas, rebentando de novo. Mas esta estava mesmo seca. Era uma questão de tempo. E ele chegou finalmente, 8 anos depois!

Paulo Domingues
Fantásticas notícias!