A jornada voluntária de 7 de Dezembro foi a segunda desta época devotada à plantação de árvores e retomou o ponto onde os trabalhos tinham ficado duas semanas antes. Mas esta não iria ser uma jornada fácil: quando a equipa de cinco voluntários chegou ao terreno o sol ainda não tinha chegado ao vale e um intenso manto branco revestia a paisagem. Não era um convite para ficar parado, não obstante a beleza do cenário. Mas logo se verificou, ou melhor, já se sabia, que este não iria ser um terreno fácil: pouco solo, muitas pedras, e sobretudo imensas raízes de mimosa, das mais grossas às mais finas, estas em particular formando quase um “tecido”, aglutinando as partículas de solo e criando uma crosta compacta à superfície que até a água tem dificuldade em penetrar. Estas crostas têm que se desfazer com as mãos, para que se possa desagregar o “tecido” de raízes e para que o respectivo solo se possa misturar com composto e fazer uma boa “cama” para a árvore a plantar. Neste tipo de terreno privilegiou-se a plantação de medronheiros e, quando as condições melhoravam um pouco, sobreiros. Só mais abaixo, já perto das antigas terras agrícolas do vale, se plantou um ou outro carvalho.



E assim, com os voluntários divididos em “equipas de abertura de covas” e “equipa de plantação” se passou a manhã. Finalmente as covas ficaram todas abertas e enquanto a equipa de plantação acabava o trabalho, os outros voluntários não resistiram a aplicar os tesourões a umas mimosas ali ao lado. Mas entretanto, com o sol a subir no horizonte, outra dificuldade se apresentava: as melgas começaram a atacar os voluntários, e de tal maneira que por vezes se podia vislumbrar uma nuvem de melgas orbitando à volta de cada cabeça! Felizmente alguém se tinha lembrado de trazer um repelente de insectos, mas, mesmo picando menos, as esfomeadas criaturas não deixaram de desafiar a paciência e a resistência dos participantes, voando bem perto dos ouvidos de cada um, e procurando alguma brecha no repelente…


Depois do almoço a equipa abandonou este local para se deslocar até à cabeceira do vale nº 5, onde uma nova área tinha sido preparada uns dias antes por uma equipa da Associação Florestal do Baixo Vouga para receber a plantação. Este trabalho consistiu na trituração do matagal e no corte das mimosas ainda presentes. O local já tinha sido alvo de uma sementeira de bolotas há dois anos, mas essa sementeira não foi muito bem sucedida, apesar de uma dúzia de carvalhos de origem seminal se poderem encontrar aqui. O solo é bastante fértil numa das vertentes do vale e muito pedregoso na outra, encontrando-se aí até uma área de vegetação espontânea sem indícios de exploração florestal. No entanto as mimosas, que no passado cobriam intensamente o vale, ainda vão permanecendo onde são menos molestadas. Esta foto de 2003, mostra como era esta zona do vale antes do incêndio de 2005:

Depois de 2005, o eucaliptal e as mimosas cresceram rapidamente, e quando, em Julho de 2008, uma equipa de trabalho avançou para o local, já uma densa formação com mais de 5 metros de altura ocupava o terreno.

Seguiu-se a inevitável pulverização da rebentação com herbicida, mas depois, com tanta lenha espalhada pelo terreno, quase não se conseguia lá entrar! Foi só em 2011 que se fez uma queimada controlada para limpar o terreno dessa lenha.


Seis meses mais tarde, já no Outono, fez-se a referida sementeira e agora, finalmente, a plantação! Mesmo depois de todos os trabalhos passados ainda foi necessário juntar troncos que a queimada não tinha eliminado completamente, para facilitar os trabalhos presentes e sobretudo os futuros. Neste local, a dificuldade maior era o declive do terreno, com a consequente necessidade de transportar ferramentas, plantas e fertilizantes, encosta abaixo. Bem, se fosse encosta acima, era pior…



A moto-serra pequena foi a primeira a “cansar-se”: servia para cortar os troncos demasiado compridos e para desmontar as mimosas recentemente cortadas, mas, depois de já ter trabalhado algum tempo, desistiu definitivamente… Mas os voluntários, esses, persistiram toda a tarde, e foi só quando o sol já se punha atrás do Cabeço do Meio que se puseram a caminho de casa… De casa? Não, do medronheiro mais próximo! Infelizmente os medronhos mais acessíveis já tinham sido “depenados” mas ainda havia os menos! Foi uma merecida recompensa para um dia de difíceis e esforçados trabalhos, ainda complementada por um lanche de pão com mel Cabeço Santo, já dentro de portas, e pela recolha de um frasquinho de mel de 150g para levar para casa!


Tinha sido, naturalmente, mais uma memorável jornada! Mas os trabalhos neste local ainda não terminaram: a próxima jornada de plantação recomeçará aqui.
Estejam atentos à próxima época de Inverno, com as suas jornadas, a anunciar já em breve!
P.D.