Avanços e contratempos do final da Primavera

Façamos então uma breve revisão do último mês no Cabeço Santo.

No dia 21 de Maio estava prevista a habitual jornada de visita, mas, dois dias antes, previa-se uma máxima nada convidativa de 36ºC para Sábado (IPMA-Águeda). No dia seguinte, véspera, a previsão já era só de 33ºC, mas o pequeno grupo de inscritos preferia o mais razoável recolhimento e cancelou-se a jornada. Finalmente, a máxima não chegou aos 30ºC, devido a um céu nublado que não deixava a radiação solar chegar à superfície terrestre. E assim avançava um Maio que foi, como em toda a Ibéria, quente e seco, como se houvesse pressa em chegar ao Verão.

Evolução das temperaturas (Belazaima) durante o mês de Maio de 2022

No fim de semana seguinte a Associação Cabeço Santo esteve presente na Expo-florestal, por sinal também marcada, nos seus primeiros dois dias, por grandes calores…  Foi nesses dias que se ultrapassou, pela primeira vez neste ano, a marca dos 35ºC de temperatura máxima. Mas seria por pouco tempo. No primeiro dia de Junho a chuva regressava, como que a querer compensar tudo o que não tinha chovido em Maio…

Na jornada voluntária agendada para 4 de Junho estava prevista a participação de um numeroso grupo de voluntários do Núcleo de Estudantes de Engenharia do Ambiente da Universidade de Aveiro. Era também a oportunidade de “compensar” todas aquelas jornadas marcadas pela escassez ou ausência de voluntários. Previa-se alguma chuva para esse Sábado, mas as previsões foram desvalorizadas: afinal, ao longo da semana, previsões de chuva já tinha havido muitas, mas que só se materializaram em dois ou três, preciosos, é certo, momentos. Mas desta vez não se passou assim: a equipa de voluntários subiu a pé o Cabeço Santo para se dedicar, na Costa da Malhada, ao cuidado das árvores aí plantadas em 2021 e cortar eucaliptos na área rochosa não mobilizada. Mas, pouco tempo depois de se ter embrenhado no trabalho, começou a chover, uma chuva fria e persistente que, lá em baixo, em Belazaima, somou 6 litros por metro quadrado. Resultado: a maior parte dos voluntários, pouco preparados para o acontecimento, ficou com a roupa molhada. Não era possível continuar! Foi necessário regressar à base da Quinta das Tílias para que se trocassem umas roupas e se secassem outras, se cuidasse do equipamento molhado, e, finalmente, se almoçasse.

Sem muita atenção nas nuvens cinzentas que se juntavam lá em cima, o numeroso grupo subiu o cabeço a pé
Após uma pequena explicação, mãos à obra! Mas vejam como as nuvens se tornavam mais negras!

À tarde a chuva parou e o sol regressou, pelo que ainda estavam criadas as condições para o regresso ao campo. Agora já não à Costa da Malhada, mas à zona ribeirinha entre o Feridouro e a represa de rega de Belazaima, onde havia muitas mimosas para cortar, embora a orografia do terreno não facilitasse nada os trabalhos.

A equipa acabou por se reunir no paredão da própria represa, onde tirou uma foto de encerramento, num dia em que poucas fotos documentaram esta jornada um pouco atribulada!

A equipa do dia, já recomposta da molha da manhã
Embora com menor resolução do que a foto anterior, esta capta um céu mais bonito!

E chegamos finalmente ao dia 18 de Junho, em que decorreria a última jornada de uma Primavera em que fazer jornadas se tinha demonstrado uma tarefa difícil!

Para este dia previa-se a participação de um grupo de uma Associação do Luso e a chuva continuava a não ser totalmente improvável, mas deste vez correr o risco valeu a pena: a equipa deslocou-se até à Costa da Malhada para continuar os trabalhos que mal tinham sido começados duas semanas antes e desta vez com uma manhã inteira de um belo e fresco dia de Primavera! Não apenas se terminou o cuidado das árvores plantadas em 2021 como se começou o das plantadas já este ano, e que parecem terem-se aguentado bem, não obstante o mês de Maio quente e seco. Também foram cortados muitos eucaliptos e mimosas, quer na área plantada, quer na área rochosa não plantada.

Mais uma vez, os voluntários subiram o cabeço a pé, e pelo caminho foram constatando os pequenos dramas desta paisagem, que, todos juntos, se vão tornando num drama maior (sem quase ninguém se aperceber disso)
Notas introdutórias
Explicação sobre os cuidados a ter com as jovens árvores
Voluntários já cuidando das árvores plantadas em 2021. Como se constata, os medronheiros estão bem vistosos. Mas os sobreiros também.
Cuidado dos pequenos sobreiros
O trabalho de corte de eucaliptos fez-se sobretudo numa zona rochosa não plantada
Este é já um sobreiro plantado este ano
Os sobreiros necessitam, em geral, de alguma desramação e de tutoragem, quando não conseguem crescer direitos, o que é frequente (não o caso deste)
Cuidando de um sobreiro
Vista da área rochosa não plantada, onde se destacam eucaliptos de origem seminal, provavelmente ainda germinados na sequência do incêndio de 2005. Mas também se constata a presença de medronheiros (espontâneos), para além do matagal
Na área mobilizada para plantação destacam-se alguns sobreiros espontâneos, mas também medronheiros e até mesmo murtas.
Resultados à vista: os medronheiros agora com um ano destacam-se na paisagem
Aqui um sobreiro e mesmo um carvalho, presença menos provável nesta encosta de solo pobre voltada a sul, ambos sob a ameaçadora “sombra” de mimosas e eucaliptos.
A vista da foto anterior, depois das “sombras” removidas
Voluntário em acção nos eucaliptos faz uma pausa para mostrar equipamentos
Estabilização de um sobreiro
Belo exemplar de medronheiro espontâneo, que sobreviveu a todas as vicissitudes por que passou este pedaço de paisagem
Voluntários, já numa área de maior declive, cuidando das árvores plantadas este ano
Descanso dos guerreiros, já junto à capela do Feridouro

O grupo do Luso trabalhou apenas de manhã, tendo usufruído ao início da tarde de uma pequena visita à área de intervenção junto à aldeia do Feridouro e aprendido sobre o trabalho do projecto ao longo dos seus quase 16 anos. Mas três voluntários não pertencentes a esse grupo continuaram durante a tarde a remoção de eucaliptos e mimosas na Costa da Malhada, mesmo sem foto de encerramento, e o dia terminou em beleza com uma boa chuvada (mas já depois de estar tudo recolhido!), num mês de Junho em que já vamos (em Belazaima) com mais  de 65 mm de precipitação, um verdadeiro bálsamo para uma paisagem que no final de Maio “temia” já a perspectiva de um longo e seco Verão. O Verão, claro, ainda agora começou (hoje, 21/6 pelas 10:13h), mas agora com muito menos “stress” do que se apresentava no final de Maio.

O grupo do Luso toma contacto com os desafios deste lugar
O grupo do Luso, na hora da despedida

E assim se passou esta Primavera um pouco atípica, quer em termos meteorológicos quer em termos de dinâmica voluntária. Mas claro, cá estamos para enfrentar todas as adversidades e seguir em frente! Muito em breve será anunciado o calendário de Jornadas de Verão, que continuará a prever uma dinâmica voluntária como antes da pandemia, com jornadas propostas de duas em duas semanas. Até já, no Verão do Cabeço Santo.

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