A primeira jornada voluntária de 2019, com a presença de 12 voluntários, decorreu num dia frio, mas com sol, quase a terminar uma temporada de tempo seco que já se prolonga desde meados de Dezembro. A área alvo das nossas atenções foi o Vale de Barrocas, uma área ainda dominada pelo matagal, que aqui cresceu rapidamente depois do incêndio de 2017, e onde só algumas, poucas, árvores plantadas no Inverno anterior a esse evento conseguiram sobreviver.
No Outono de 2017 realizou-se aqui uma sementeira de bolotas, e depois, já no Inverno de 2018, plantaram-se algumas árvores, sobretudo sobreiros e medronheiros, mas em áreas circunscritas. Por isso, encontram-se por todo o terreno pequenas plantinhas de carvalho roble, e, nas áreas plantadas no ano anterior, as árvores e os arbustos apresentam excelente aspecto, tendo a sua taxa de sobrevivência sido muito elevada, de facto, 100% entre sobreiros e medronheiros, só nos castanheiros tendo havido algumas baixas.
A área de intervenção do Vale de Barrocas é relativamente extensa – mais de 20 hectares – e abrange de facto vários pequenos vales, muito próximos uns dos outros, que abrem caminho desde as cotas mais elevadas do Cabeço do Meio, o cabeço que se situa do lado sul do ribeiro de Belazaima, “olhando” para o mais “famoso” e solarengo Cabeço Santo, do lado norte do ribeiro. Neste dia iríamos plantar árvores em torno do vale principal, o “coração” do Vale de Barrocas, uma área de elevado potencial paisagístico que estamos em vias de poder “salvar” das mais agressivas e monótonas plantações de eucaliptos.
A maioria dos voluntários caminhou 400 metros desde o caminho do lado norte do ribeiro, de acesso à mata do Cabeço Santo, pois só aí podem chegar veículos ligeiros. Na passagem do ribeiro puderam apreciar a forte camada de geada que cobria a vegetação, mas, ao chegar lá acima, à área alvo, já o sol aquecia, embora mais os ânimos do que os corpos!

Com vários voluntários estreantes, fez-se uma boa formação e depois, com três equipas de plantação no terreno constituídas de forma conveniente – um voluntário mais forte na frente preparando o solo com picareta e outros dois para os trabalhos de transporte dos materiais, aplicação dos fertilizantes e plantação das árvores – os trabalhos começaram. Esta é de facto uma área difícil para a plantação manual porque o solo nunca foi mobilizado e os tocos dos eucaliptos que ocuparam o terreno nas décadas anteriores continuam cá. O declive é elevado e ainda há as plantas do matagal: tojos, carquejas, urzes. Pelo lado positivo, o solo é menos pedregoso do que noutras áreas. Mesmo assim, o esforço exigido aos “homens da picareta” é elevado, um esforço que certamente seria muito diminuído se os locais de plantação pudessem ser preparados com uma máquina adequada, por exemplo, uma retro-aranha.
As árvores disponíveis para este dia eram carvalhos, castanheiros, medronheiros, pilriteiros e murtas. Durante toda a manhã os trabalhos de plantação decorreram com muita animação. Dois voluntários dedicaram-se também ao corte de rebentos de eucalipto, que ainda resistem nas áreas mais elevadas desta área de intervenção.





Quebrando uma tradição recente, o almoço deste dia não foi quente nem de prato, pois não era prático ir buscar tal comida nem deslocar o grupo até um local adequado para a refeição. Deste modo, foi como nos primeiros anos do projecto, com comida de piquenique, em pleno campo, com mesa, mas sem bancos… Mas, como estava frio, também não se podia parar muito tempo, e o regresso ao trabalho não se fez esperar.







Tão eficientes e produtivas foram as equipas de plantação que, ainda antes da tarde terminar, já quase todas as árvores trazidas (acima de 200) tinham sido plantadas, mas antes disso já um dos fertilizantes faltava. Também as forças, sobretudo dos “picaretistas” começavam a escassear, e os corpos ansiavam por um lanche. A área final de plantação foi entre dois “braços” do Vale de Barrocas onde já se podiam observar, e com muito bom aspecto, algumas árvores plantadas no ano passado: dois teixos, um zimbro, vários loureiros, alguns castanheiros. Ainda houve tempo, contudo, para adensar uma área plantada com sobreiros e medronheiros no ano passado e que se apresentava muito promissora.







O lanche, esse foi já em Belazaima, na base da Quinta das Tílias, que o frio do final da tarde apertava. Tinha sido uma excelente jornada de plantação e uma brilhante estreia de 2019, um ano que se espera cheio de trabalhos e aliciantes desenvolvimentos no desenrolar do Projecto Cabeço Santo. Quem não vai querer participar neles? A próxima oportunidade é já dentro de duas semanas, continuando a plantar o Vale de Barrocas!

Obrigado a todos os voluntários. E à Liliana e à Margarida pelas suas fotos, num dia particularmente difícil para as obter, devido aos fortes contrastes luz/sombra, acentuados pela orientação norte da encosta.
Paulo Domingues