Para a segunda jornada de Verão tivemos, agora sim, um dia fresco, como convém a uma boa jornada de trabalho. O sol quase não rompeu a neblina, e quando aconteceu, foi para se esconder no momento seguinte.
A equipa de oito voluntários passou a manhã a arrancar mimosas no corredor ribeirinho a montante do Vale nº 5, na mata da Altri Florestal (margem direita). Foi a continuação das jornadas anteriores, progredindo para montante. Contudo, o panorama vai claramente piorando, com maior densidade de mimosas. Por outro lado, a encosta torna-se mais escarpada, e as mimosas queimadas em 2017, que já começam a cair, tornam a progressão no terreno ainda mais difícil.


Do lado sul do ribeiro o panorama é ainda mais confrangedor: o corte dos eucaliptos deixou a íngreme encosta ribeirinha com lenha, restos de mimosas e rebentos de eucalipto. Apenas algumas plantas de feto real e um ou outro salgueiro ou carvalho, em regra danificados, constituem a ténue memória ancestral desta devastada paisagem. Perguntamo-nos, uma e outra vez, como foi possível deixar-se chegar a paisagem a este lamentável estado, e como é possível que esse estado se mantenha sem grande reacção da sociedade mais larga. Mas claro, como habitualmente, não gastamos muitas energias com tentativas de resposta, concentramo-las naquilo que é necessário: recuperar esta paisagem. E assim, os trabalhos prosseguiram com determinação durante toda a manhã. (A reflexão sobre as origens da calamidade é contudo essencial, se queremos chegar a uma compreensão mais profunda do problema; não dizemos portanto que não é importante, apenas que não é o foco do momento).











Para o almoço regressámos à Quinta das Tílias, pois o mesmo tinha sido confeccionado por duas voluntárias durante a manhã (uma vez mais obrigado pelo seu excelente contributo) e à tarde iríamos trabalhar no Vale da Várzea, no corte de rebentos de eucalipto. Isto, claro, sem antes fazer um pequeno relaxamento nas margens do ribeiro.




No Vale da Várzea, uma parcela em início de intervenção, a rebentação de eucalipto ainda dá trabalho, sendo este o terceiro corte para a maior parte das toiças. No entanto, desta vez fomos surpreendidos pela abundante ocorrência de eucaliptos de origem seminal, por certo relacionada com a passagem do fogo em 2017. Com oportunidade traríamos “à baila” a “eterna” discussão: é ou não o eucalipto uma espécie invasora? Mas, mais uma vez, o resultado em nada alteraria a conclusão sobre o que é necessário fazer aqui, e essa é simples: arrancá-los. E agora é tão fácil fazê-lo que até parece brincadeira de crianças.






Mas também houve outra surpresa, desta vez mais agradável: a abundância de carvalhos e sobreiros de origem seminal, os primeiros por certo resultantes da sementeira directa aqui realizada no Outono, mas os segundos talvez com origem num sobreiro existente junto às terras agrícolas e cujas bolotas talvez tenham sido dispersas por animais, como o gaio. O ano meteorológico também está a ajudar à sobrevivência destas plantas, cujo primeiro ano é o de maior vulnerabilidade.


Com uma tarde fresca, alguns voluntários continuaram até quase às 18 horas, outros tiveram que se ausentar mais cedo. Tinha sido um excepcional dia de trabalho voluntário.


Obrigado da todos os voluntários, e à Liliana (L) pelas suas fotos.
Tudo indica que a terceira jornada de Verão usufruirá ainda de tempo fresco, para encerrar em beleza o ano voluntário, que fará uma pausa no mês de Agosto. Até breve!
Paulo Domingues
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