A última jornada da Primavera (de 2018)

Passou muito depressa este mês de Maio, com coisas que só Maio tem para mostrar, e parece que também ainda ontem começaram as jornadas de Primavera, e a que agora passou já foi a última!

Assim foi: treze voluntários reuniram-se num dia tão fresco que parecia que o tempo do calendário tinha andado para trás, mas fizeram trabalhos próprios da Primavera. Primeiro, durante a manhã, visitaram as árvores plantadas na zona do Vale da Estrela e da Fonte do Porco para ver se precisavam de cuidados. De facto, enquanto a maior parte dos voluntários fazia este trabalho, outros cortavam rebentação de eucalipto, das toiças que ainda resistem por aqui.

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O Vale da Estrela, uma paisagem em início de recuperação

As árvores plantadas encontravam-se bem, embora algumas estivessem já a ter a concorrência de vigorosas plantas espontâneas, que o trabalho do dia tinha como objectivo retirar. Não tão bem estavam os carvalhos plantados já no final da Primavera, pois eram árvores que tinham estado envasadas demasiado tempo, coisa que de todo não “gostam”. Algumas destas árvores encontravam-se de facto muito atrofiadas, embora outras estivessem também a reagir bem. O futuro dirá o que será delas. Claro, para todas, a Primavera, em geral fresca e húmida, está a ajudar.

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Alguns dos carvalhos envasados encontravam-se a reagir bem, outros não tanto
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Sobreiro plantado este ano, e uma planta espontânea na cova de plantação
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Medronheiro plantado este ano (L)
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O mesmo medronheiro da foto anterior depois do trabalho realizado (L)
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Murta plantada este ano (L)
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Área de rebentação de medronhal, onde recuperam os medronheiros plantados em 2006 e queimados em 2017
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Medronheiro queimado há pouco mais de um ano
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Um olhar sobre os pinheiros sobreviventes ao incêndio de 2017, e outros sobreviventes menos desejados (M)

A manhã terminou já na zona da Fonte do Porco, onde os voluntários deram a sério nos últimos rebentos de eucalipto que ficaram numa encosta declivosa da Quinta das Tílias, onde não tinha podido actuar uma máquina com enxó a partir toiças, que foi a solução adoptada para as restantes áreas de reconversão de eucaliptal nesta zona, onde o declive o permitiu.

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A Fonte do Porco, uma ilha ainda em convulsão no mar do eucaliptal
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Voluntários em acção nos rebentos de eucalipto

O regresso da maior parte dos voluntários à base da Quinta para a refeição fez-se a pé, o que deu como frutos algumas bonitas fotos. O almoço foi, pela segunda vez, uma dádiva da IPSS “Os Pioneiros”, que agradecemos. Já nos vamos habituando a ter sopa ao almoço! O pior é quando não pudermos ter…

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Na caminhada de regresso, uma perspectiva da Liliana (L)
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… e a da Margarida (M)
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O ribeiro, é claro, é sempre motivo para uma bonita foto (L)
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O ribeiro (L)
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A foto da equipa tirou-se com o Cabeço do Meio em fundo, logo a seguir ao almoço

À tarde, e após um momento de repouso já a montante do Feridouro, a equipa deslocou-se até ao Cabeço Santo para trabalhar numa das áreas mais difíceis do projecto, uma área onde, apesar de aí se terem realizado trabalhos desde 2008, ainda não tinha tido a presença de voluntários.

De facto logo para começar, esta área de declive elevadíssimo ficou cheia de toros de eucalipto queimados em 2005, que os madeireiros da altura acharam por bem deixar espalhados pelo terreno, dada a dificuldade em os tirar. Quando, em 2008, os primeiros profissionais ao serviço do projecto por aí passaram, tiveram tantas dificuldades em fazer um trabalho bem feito, que… não ficou bem feito. Como consequência, voltaram a crescer aí eucaliptos e mimosas, que só em 2016, quando a velha madeira de 2005 se encontrava largamente em decomposição, foram de novo cortados. Em 2017 passou por aí o incêndio de Abril. Se os eucaliptos já estavam largamente “derrotados”, as mimosas, mais agressivas, ainda não estavam. Foram queimadas, mas rebentaram profusamente, das toiças e dos seus sistemas radiculares. E germinaram as sementes…

Chegou finalmente para este espaço a hora dos voluntários: dado o grupo experiente e valoroso que tínhamos neste dia, não obstante alguns novos, decidimos dar-lhes a oportunidade de abraçarem uma área na qual a primeira dificuldade era manterem-se em pé! Objectivo primeiro: arrancar as mimosas de origem seminal e as que rebentaram da rede de sistemas radiculares. Quanto às rebentações das toiças, ainda muito finas, ficaram para posterior intervenção, embora um grupo de voluntários tenha já feito algum trabalho de descasque nas de maior diâmetro. Alguns voluntários ficaram surpreendidos com a dificuldade da proposta, mas todos se lançaram a ela de maneira determinada.

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Durante um momento de repouso
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Depois veio o trabalho a sério, em terreno difícil (L)
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Às vezes, quando parecia que alguém ia rebolar até ao ribeiro, aparecia uma fada boa, e salvava. Depois desaparecia de novo entre a folhagem (L)
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Perspectiva da área. Ao fundo em 2º plano, já se tinha trabalhado numa jornada anterior

Depois de uma paragem para umas merecidas laranjas, a parte final do dia fez-se já em terreno muito mais fácil. Aparte uma perna com uma pequena escoriação, tudo tinha corrido bem, e os voluntários ficaram satisfeitos por terem superado as difíceis provas que este dia lhes trouxe.

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O dia terminou ainda entre mimosas, mas já em terreno muito mais fácil
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As coisas também não estão fáceis por aqui: mas também há aqui trabalho para profissionais

A Primavera encaminha-se rapidamente para o fim e esta foi já a última jornada da Estação: a próxima é já no início do Verão, e para ela já remetemos o pedido de um dia fresco!

Obrigado a todos os voluntários. Também a “Os Pioneiros”, como ficou já escrito acima. E à Liliana (L) e à Margarida (M) pelo acervo de fotos!

Paulo Domingues

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