Eis que, depois de um pequeno problema técnico, a reportagem da última jornada voluntária e primeira do Verão só agora chega a público.
Apenas três voluntários se apresentaram disponíveis, um pequeno número para as necessidades do dia, mas afinal, compreensível: num dia com máximas previstas a superarem os 30ºC, não deixa de ser necessária uma pequena dose de “loucura” para dedicar um dia a cortar rebentos de eucalipto… Porque era esse o principal trabalho previsto para este dia: voltar a uma área com cerca de 3 ha em torno do vale de Barrocas e das suas 3 nascentes para, com a força da persistência, “convencer” as toiças de eucalipto aí presentes a “desistir” e deixarem-nos o espaço livre para lá colocar outras espécies.
Mas acabámos por iniciar os trabalhos numa extremidade de um outro terreno, na Benfeita, ainda junto a Belazaima, onde também era necessário fazer o mesmo trabalho. E aí andámos até às 10:30h, quando rumámos ao vale de Barrocas. As ferramentas para este trabalho são simples, mas exigem cuidado e atenção: mãos e machadas de cabo curto.


A área a trabalhar na zona do Vale de Barrocas era abaixo do antigo caminho de acesso a Belazaima-a-Velha, e iniciava-se num pequeno vale secundário. A pequena equipa foi progredindo em faixas mais ou menos paralelas, para não se colocar muito esforço a subir e a descer a encosta. Mas, apesar de se tratar de uma encosta voltada a norte/nordeste, o sol do meio dia foi produzindo os seus efeitos, e pelas 12 horas já era necessário compensar com abundância a água que ia encharcando as t-shirts através de todos os poros da pele. Para o relator destas linhas, que se encontrava mais longe dos garrafões de abastecimento, tornou-se a dada altura irresistível uma ida a uma das nascentes do Vale de Barrocas, não obstante algumas dificuldades para lá chegar, devido aos fetos e às silvas. Mas, uma vez lá, e com a sede no seu pico, foi quase um vislumbre do paraíso observar aquela água que brotava abundante directamente da rocha de xisto, no fundo de um barranco sombrio. E bebê-la, claro, apanhada com as mãos, e depois de generosamente bebida, derramá-la sobre o peito e as costas, sentindo um repentino revigoramento para concluir afinal que, por essa bendita água, não seria afinal tão “louco” o esforço de tão trabalhosa e suadamente se submeterem as toiças de eucalipto daquela maneira…


Mas, havia que regressar de encontro aos companheiros, e ao “paraíso”, não do presente, mas do futuro, ou uma pequena amostra dele. A manhã aproveitou-se até bem depois das 13 horas, porque a seguir ao almoço, devido ao calor que se fazia sentir, não continuaríamos nos eucaliptos. Depois de uma merecida e estendida sesta, abrimos uma nova frente de avanço nas mimosas da área ribeirinha das Costas do Rio, zona também conhecida por Pé Torto, devido à curva apertada que o ribeiro aqui faz. Trabalhámos na margem esquerda, onde ainda quase não houve intervenção, ao contrário da direita, uma das primeiras áreas ribeirinhas onde se interveio na mata da Altri Florestal, em 2008. O tamanho e a densidade destas mimosas aconselha uma operação de descasque, trabalho que tinha a vantagem de se fazer à sombra, prescindindo até das t-shirts, que, mesmo à sombra, apresentavam o incómodo de rapidamente ficarem suadas. As águas do ribeiro, logo ali bem próximas, convidavam a um banho de pés, e só não um mergulho por serem demasiado baixas. Esta é uma zona onde o ribeiro corre com frequência “encaixado” por escarpas de xisto, paisagisticamente promissora mas onde as mimosas, e também os eucaliptos, ainda prometem longos anos de trabalho até se tornar de novo “paisagisticamente interessante”!









E assim se fez o resto da tarde. No próximo dia 23 os trabalhos continuam e gostaríamos de contar com mais voluntários, pois depois só voltaremos aos trabalhos na grande Jornada do 10º aniversário do projecto, no início de Setembro!
Um conjunto mais alargado de fotos desta jornada estará disponível na página do projecto no Facebook.
Até já!
Paulo Domingues
Reblogged this on communitysoulbook.