Mais de uma semana depois aqui fica uma singela reportagem da última jornada voluntária de Inverno de 2014, a terceira da Estação e a quinta dedicada à plantação de árvores e arbustos. Esta contou com a participação de um generoso número de voluntários, incluindo uma já invulgar, mas bem-vinda presença feminina (atenção, não digo isto apenas devido ao bolo de laranja!), e ainda de uma presença ainda mais rara: uma presença canina!
Nesta última jornada voltou-se ao local da primeira (de plantação, em Novembro), em Chão do Linho / Vale de Barrocas, para plantar azevinhos entre os carvalhos que já tinham sido plantados no dia da floresta autóctone. Uma dificuldade adicional é que agora não havia ponte, pois tinha sido arrastada pelas cheias… Mas nada que impedisse os voluntários de chegar à outra margem do ribeiro.


Enquanto um grupo de voluntários ia plantando azevinhos neste espaço, outro grupo foi limpar uma área mais a montante para também se poder plantar. Esta área era uma antiga leira agrícola, muito estreita, mesmo junto ao curso do ribeiro, e por onde só se tinha acesso por um carreiro de pé-posto. Esse carreiro esteve obstruído muitos anos, pelo menos desde 2005, quando um “dilúvio” de lenha queimada se abateu sobre a encosta. No entanto, desde o ano passado, foi sendo desobstruído e finalmente agora podia dar acesso à leira. Também esta esteve todo este tempo obstruída com imensa lenha, mas como alguma foi apodrecendo, agora já não dava um trabalho excessivo limpá-la para finalmente plantar. De facto, o trabalho de a limpar foi muito maior do que o de a plantar, pois que, para além de lenha espalhada, ainda havia o silvado e… o lixo. Encontraram-se bidóns metálicos, um recipiente de pintura, e mesmo uma bateria de chumbo! Como é que tudo aquilo foi parar a uma leira inacessível? Simples: entre a leira e o caminho mais próximo encontra-se uma encosta muito inclinada, e parece que encostas inclinadas são os sítios preferidos para depositar lixo. Deve dar a ideia que “desaparece”, porque não fica onde foi depositado.
Parte da leira já tinha carvalhos que, embora com danos, mantiveram a parte aérea após o incêndio de 2005. Após anos de lenta recuperação, estes carvalhos estão agora bonitos e também eles foram cuidados, cortando-se rebentos secundários e fazendo algum desbaste de árvores decrépitas. Também aqui a equipa de “arrumação” trabalhou diligentemente para deixar este local um “brinquinho”, onde vale a pena voltar com frequência. Na outra margem do ribeiro são ainda as mimosas que dominam, mas felizmente também será possível intervir aí.

Foi com surpresa que o nosso “biólogo de serviço” identificou sinais da presença de lontra numa pedra da margem do ribeiro! Se não fosse ele a fazê-lo, talvez não se acreditasse, mas como foi… Já a surpresa não foi tão grande quando se observaram várias salamandras (Salamandra lusitanica) ao se levantar um tronco do solo. Isto porque a presença desta espécie era já conhecida.
Finalmente, já a manhã terminava quando se plantaram as árvores na leira agora desobstruída. A montante, a leira termina num antigo moinho-de-água agora em ruínas, e a partir daí para montante a encosta muito inclinada “mergulha” directamente no ribeiro, sendo muito difícil percorrer a margem.
A equipa regressou assim à carrinha de serviço e o almoço decorreu animado à sombra de uns eucaliptos que cairão em breve para dar lugar a uma nova área de intervenção do projecto, culminando (o almoço) com o já referido bolo de laranja, que tantos elogios fez proferir!
À tarde a equipa deslocou-se para montante do vale nº 6 para plantar as últimas árvores numa encosta já plantada há alguns anos mas onde havia ainda alguns espaços vazios. É o local por onde também passa o percurso PR8, e onde também existe uma ponte para atravessamento do ribeiro, esta, danificada e inoperacional mas ainda junto ao local de implantação. E onde também existe um moinho-de-água em ruínas! Alguns voluntários só fizeram trabalho de limpeza de mimosas, outros de silvado, enquanto os outros plantaram as árvores. Todo o espaço disponível e próprio foi plantado e muito trabalho de limpeza e arrumação foi realizado. É incrível o que acontece quando se junta uma equipa numerosa de voluntários motivados!

Pelo final do dia a equipa reuniu-se tendo por fundo, lá ao longe, um formoso carvalho sobrevivente ao fogo de 2005, e, encerrando uma produtiva série de jornadas essencialmente dedicadas à plantação de árvores e arbustos, tirou uma foto de despedida! Adeus Inverno! Bem-vinda Primavera! Não tinha havido muitas fotos mas as da Odete ainda não chegaram. Talvez mais tarde…!
Já a seguir não percam: as Jornadas voluntárias de Primavera de 2014!
Reportagem singela mas esclarecedora.
Gostei do comentário sobre o lixo e a tendência das pessoas o lançarem em locais como aquele. De facto é uma boa explicação.
Abel
Obrigado, Abel, e obrigado também pelas tuas fotos, sempre perspectivas inspiradas!
Paulo