A jornada voluntária de 6 de Abril foi uma fantástica jornada decorrida num dia igualmente fantástico, cheio de uma luminosidade como ainda não tinhamos usufruído este ano, mas ao mesmo tempo fresco, permitindo uma actividade intensa sem se sentir cansaço.
A Primavera chega lentamente ao local escolhido para os primeiros trabalhos deste dia: os carvalhos, espinha dorsal do bosque autóctone, já começaram a rebentar mas as primeiras folhas, de um verde avermelhado, ainda não escondem o desenho dos ramos; a urze-branca, com a sua abundância de flores brancas como a neve, resplandece na paisagem, sempre isolada das suas irmãs; a queiró (Erica umbellata), a mais abundante das urzes desta paisagem, que quando está plenamente em flor, aí por meados a finais de Abril, dá às encostas por onde domina uma inconfundível coloração avermelhada, começa agora a florescer, umas plantas mais, outras menos. Quem olhasse, neste dia, para essas encostas, verificava contudo que a cor que dominava ainda era o amarelo vivo das flores da carqueja, essa planta tão frugal mas tão generosa e cheia de qualidades, que se estende pelas encostas rochosas e pobres. Nos solos mais férteis do vale, junto aos carvalhos, eram as pequenas violetas que chamavam a atenção, aproveitando a generosa luz solar antes de os carvalhos lhes fazerem sombra.

O grupo de voluntários, que incluía a mais jovem voluntária jamais presente numa jornada, iria concentrar-se na mancha de carvalhal a jusante do vale nº 6, arrumando lenha de desbastes recentes mas também lenha mais antiga das muitas mimosas que aqui já existiram e que foi ficando espalhada, estorvando os trabalhos de gestão deste espaço. Também por aqui tinha passado recentemente uma equipa de sapadores da Câmara de Águeda, cortando os últimos rebentos de eucalipto ainda sobreviventes, e cuja lenha era também necessário arrumar. A motoroçadora funcionou quase a tempo inteiro, cortando os rebentos de mimosa que, apesar dos esforços, teimam em regressar, e sobretudo triturando o silvado em torno das árvores e arbustos, dando-lhes melhores condições de crescimento e criando diversidade no conjunto do espaço. O trabalho foi aqui dado por concluído já passava das 15 horas, deixando este espaço um “brinquinho” no qual apetecia ficar até ao final do dia, ou quem sabe, da Primavera.




Mas ainda tinha ficado um bocadinho do dia para uma área 250 metros a jusante, também junto ao Ribeiro, exactamente o local onde a maior parte das árvores presentes foi plantada por voluntários em Janeiro de 2010 (https://ecosanto.wordpress.com/2010/01/). Cada uma dessas árvores pode agora ser “visitada”, e como sempre acontece com os carvalhos, cada um deles tem um aspecto distintivo, na forma como os seus ramos se distribuem, se desenvolvem, até no tamanho e forma das folhas. É como se fossem árvores com “personalidade”. E foi junto a uma dessas singulares árvores, uma com ramos laterais especialmente horizontais e que na coroa parece ter “perdido” o seu eixo central, que a equipa de voluntários deste dia se reuniu para uma foto final, neste maravilhoso dia em que só um pequeno incidente “técnico” com um voluntário foi de lamentar.


Quanto à próxima jornada, a sua data terá de ser alterada, devido à participação do Núcleo de Aveiro na Expo-florestal, onde o projecto Cabeço Santo estará de novo em destaque. Passará para 11 de Maio, já no “coração” da Primavera!
Obrigado a todos os voluntários!
Mais fotos neste link: https://picasaweb.google.com/odetesantos123/CabecoSantoQuercus
Tanto as fotos do Abel como as da Odete estão muito giras. A Matilde e a Sandra gostaram muito deste dia apesar do trabalho que se faz sempre com gosto quando pensamos no que está em causa e no que queremos (re)descobrir no futuro.