No último Sábado os voluntários, talvez em parte tolhidos pela ventania que se fazia sentir, em parte condicionados pela incerteza do serviço ferroviário, em parte ainda (admitamos com sinceridade) porque a “massa” voluntária efectivamente disponível é bem menor do que seria necessário e do que todos gostariamos, os voluntários, dizia-se, ficaram reduzidos a um par de mãos, as do voluntário-mor, o que embora lhe deixando a ingrata tarefa de falar do que fez, não deixa de o fazer nestas páginas pois esta jornada não deixou por isso de ser mais uma gota de água no “lago” deste projecto.

Os trabalhos iniciaram-se numa área do vale nº 3 onde não chegou a queimada controlada realizada em 2010, e onde portanto ficou muita lenha. Um local com vertentes muito inclinadas e com afloramentos rochosos onde, por estes motivos, nada se chegou a plantar no último Inverno. No entanto a vegetação nativa, com medronheiros, murtas, lentiscos e cistáceas, está lá, e neste momento já estava bastante “acossada” por acácias e eucaliptos que por aqui foram resistindo. As mimosas, em particular, apresentavam bastantes plantas jovens a surgir, e pela forma fácil como se arrancavam pareciam ser de origem seminal. Outras, por certo, de rebentação das raízes que ainda estão vivas no solo. Este panorama parecia dar razão a certas vozes que defendem ser esta uma luta inglória. Uma coisa é certa: será inglória se baixarmos os braços e fecharmos os olhos, caso contrário… o futuro o dirá.
Toda a manhã foi passada aqui e no final o panorama já era diferente. O trabalho neste local foi concluído com uma sementeira de bolotas, pois será sempre um sítio muito difícil de plantar.

Depois prosseguiu com uma sementeira no vale nº 4(b). Esta área foi uma das primeiras a ser plantada com carvalhos em 2009. Um minoria inferior a 5% não sobreviveu, e dos restantes uns 20 a 30% não parecem ter muita vitalidade. Por isso, esta sementeira complementa a plantação e permitirá, num futuro próximo, comparar a vitalidade das plantas introduzidas de cada uma das maneiras. A subida da encosta foi grandemente ajudada pela presença abundante de medronheiros com frutos muito maduros… deliciosos!

Finalmente, já no final do dia foi realizada uma sementeira na área do marco geodésico (SANTO), o ponto mais elevado do Cabeço Santo. Esta área era aquela muito invadida com acácia-de-espigas, que foi já sujeita a várias operações de tentativa de controlo. Há aqui uma pequena mas interessante mancha de carvalho roble (de rebentação após o fogo de 2005), num local onde não se esperaria encontrar, visto que nos encontramos na cabeceira do monte, num local relativamente seco. Mas nesta mancha em particular o solo aparenta ser mais fértil do que à volta, e com a ajuda da altitude (450 m) terá tornado posssível a ocorrência espontânea destes carvalhos.

Esta mancha está numa área gerida pela Altri florestal e a empresa tentou até expandir a mancha, plantando carvalhos em 2010 e 2011, embora com um sucesso limitado. Por isso propôs-se tentar densificá-la com a ajuda da sementeira, o que agora se fez. No entanto, o principal problema desta área continua a ser a ocorrência de acácia-de-espigas, cuja erradicação se tem revelado difícil e custosa. Há que reconhecer o esforço que a Altri já aqui realizou, tal como o Projecto na área que lhe está atribuída, mais abaixo no monte, mas esse esforço ainda não foi suficiente. Será que conseguimos reunir um dia destes uma massa voluntária expressiva e “salvar” esta mancha de carvalhos? Ou vamos dar razão à tal “corrente de opinião” segundo a qual a derrota é inevitável?! Aqui fica mais este repto. A Altri por certo que não se importará, mas surja a equipa que a proposta seguirá!
O curto dia terminou já com a noite prticamente instalada e desta vez a foto de despedida foi uma perspectiva da civilização, lá em baixo, onde, apesar de tudo, a escuridão predomina.

Estas e outras fotos em:
Até breve.
P. D.
Sigamos em frente, com as mãos na terra!