Uma jornada intensa

No Sábado último duas voluntárias compareceram a mais uma grande jornada de trabalho voluntário no Cabeço Santo. Grande, porque o dia apresentava-se excepcional, apesar do frio da manhã, e a equipa partiu cedo para iniciar um trabalho de grande importância para os trabalhos de recuperação de um dos vales principais do Cabeço Santo: o vale nº 3.

Este vale é o primeiro que se encontra completamente dentro da propriedade da Altri Florestal (anterior Silvicaima) e era um dos que se apresentava em estado mais critico no início da intervenção. Na sua cabeceira existia uma das manchas mais densas de acácia-de-espigas de todo o Cabeço Santo. Vale abaixo, os eucaliptos e as mimosas ocuparam densamente o vale após o incêndio do 2005. Poupado à mobilização de replantação pela Silvicaima, aí ficou uma generosa faixa, onde a vegetação exótica e invasora cresceu vertiginosamente. Só em 2009, graças ao financiamento do Fundo EFTA, foi possível executar os trabalhos de corte dessa vegetação, que depois ficou depositada sobre o solo, num relevo de grande declive, o que tornava o acesso quase impossível para acções de replantação. Por isso, já em Abril de 2010 aí se realizou uma queimada controlada por uma equipa da Associação Florestal do Baixo Vouga. Só depois desta queimada a orografia do vale ficou visível, um vale em que os troços de pequeno declive são abruptamente interrompidos por escarpas, por vezes com 10 metros de altura, variações que dão a este vale uma beleza muito singular. Um dos efeitos colaterais, eventualmente negativos, desta queimada, foi que o banco de sementes de acácia-de-espigas germinou, deixando extensas áreas do vale cobertas por manchas dessa planta. “Eventualmente”, porque essa germinação também tem um lado positivo: uma vez removidas estas acácias, o solo fica largamente livre desse banco de sementes, que assim não germinarão no futuro, quando outras plantas nativas já lá estiverem. Seja como for, remover essas acácias é agora absolutamente essencial, e é importante fazê-lo agora, enquanto se arrancam muito bem, embora, 7 meses depois da queimada, já se encontrem plantas, sobretudo mimosas, com quase 1,5 m de altura. Foi esse trabalho que a equipa de hoje abordou. Claro que, embora relativamente fácil de realizar, este é um trabalho extremamente mão-de-obra intensivo, pois que o número de plantas é muito elevado, ocorrendo por vezes em manchas de muitas dezenas de plantas por m2. Mesmo assim, a equipa trabalhou com entusiasmo, passando todo o dia a jusante de uma pequena cascata, cuja águas em queda ajudavam a manter o ânimo elevado apesar do estado ainda “primitivo” da paisagem. À medida que as acácias iam sendo arrancadas, várias plantas nativas também presentes passavam a dominar o coberto vegetal emergente: as cistáceas, a trepadeira salsaparrilha-bastarda, as murtas, os medronheiros, mesmo um carvalho! Claro que esta área ainda está largamente livre para a introdução de novas plantas, que aqui serão sobretudo os carvalhos, os sobreiros e os medronheiros, mas isso será um trabalho a realizar depois de arrancadas as acácias e cortados os rebentos de eucalipto que sobreviveram às várias “vagas” de pulverização com herbicida que por aqui passaram. Uma apresentação do power point (6MB) ilustra alguns aspectos deste dia.

E agora aqui fica o repto: conseguiremos no dia 11 de Dezembro reunir uma equipa de voluntários mais expressiva, que consiga dar um avanço decisivo nesta mancha de acácias? É que, se uma pequena equipa conseguiu avançar de forma tão visível no terreno, imaginem o que não faria uma grande equipa!

Até lá!

P.D.

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