Uma semana vertiginosa

Esta semana houve muito a fazer no Cabeço Santo. No início da semana foi tempo de preparar o espaço para receber as 5 colmeias que constituem o apiário que o projecto se propôs instalar. O espaço escolhido foi a Casa de S. Jerónimo, uma das antigas casas do guarda florestal na propriedade gerida pela Silvicaima. Esta casa ainda tinha telhado quando o incêndio de 2005 queimou as vigas e ripas de madeira, fazendo espalhar todas as telhas pelo chão. Dado que um dos compartimentos tinha uma janela panorâmica para sul (agora arruinada) foi considerado um bom local para a instalação das colmeias. Mas primeiro foi necessário remover as telhas partidas e instalar dois suportes de madeira. As colmeias foram instaladas na Quarta-feira, já passava da meia noite. Este ano será um ano de crescimento das colónias e ainda não haverá colheita de mel. Apenas no próximo ano estará disponível mel do Cabeço Santo em modo de produção biológico!

S. Jerónimo, protector das abelhas?

Na Sexta-feira uma turma de alunos da Escola Secundária de Vagos realizou uma visita de estudo e trabalho. Fizeram um percurso circular começando por subir a encosta a pé ao longo do vale nº 3. Aí realizaram trabalho de corte de acácia-de-espigas com tesourões e fizeram um pequeno percurso de observação da flora e da fauna. O almoço fez-se na Casa de Santa Margarida, tendo depois os alunos descido ao Ribeiro para observar os trabalhos de recuperação das áreas ribeirinhas. Esta visita contou com o valioso apoio do João Paulo Pedrosa, cuja disponibilidade se agradece.

Alunos da Escola Secundária de Vagos + professora + JPPedrosa

No Sábado realizou-se mais uma jornada de trabalho voluntário. Contou com a presença de dois voluntários, os mesmos das últimas jornadas. Como o dia estava fresco e nublado, realizou-se trabalho num terreno difícil, um trabalho que praticamente agora se inicia, e que será uma constante ao longo dos próximos anos: o acompanhamento das áreas plantadas. Neste caso áreas plantadas em 2009 e cuja remoção mecânica e química da vegetação exótica e invasora decorreu em 2008. Acontece que, embora esta vegetação tenha sido pulverizada com herbicida, a operação nunca é totalmente eficaz, por outro lado, onde havia manchas de vegetação nativa, a pulverização foi evitada para a poupar. Mas isto originou que a vegetação exótica que aí existia rebentou de novo, tendo agora de ser cortada uma segunda vez. Mas agora, dado que se trata de situações muito mais pontuais do que no corte inicial, opta-se por molhar a superfície de corte com o herbicida, uma solução de muito menor impacto para a vizinhança. Faz-se para eucaliptos e mimosas, mas não para a acácia-de-espigas dada a menor propensão desta para rebentar. E foram estes trabalhos que se realizaram no Sábado: primeiro junto ao vale nº 4a e depois junto ao vale nº 5.

Cenário dos trabalhos, à chegada ao vale nº 4a
Depois de algumas horas de trabalho...

O declive do terreno, o seu carácter rochoso, e, em muitos locais, ainda a presença da lenha das árvores queimadas em 2005, a que se junta agora o silvado, foram as principais dificuldades a ultrapassar. No vale nº 5 muitas das mimosas cortadas tinham já mais de 5 cm de diâmetro e vários metros de altura, isto apenas com escassos dois anos de crescimento! Também junto ao mesmo vale existe ainda uma mancha de acácia-de-espigas com plantas que agora se encontram carregadas de vagens e que é necessário cortar o mais depressa possível. Mas também junto a esse mesmo vale, os carvalhos plantados em 2009 se encontram em bom desenvolvimento tendo sido visitados e cuidados. Também, no coração do próprio vale, se observa uma implantação espontânea dos salgueiros, uma ajuda da própria natureza ao trabalho aqui desenvolvido e que só precisa da remoção das mimosas para prosseguir com a sua própria dinâmica.

Uma das vertentes do vale nº 5, depois do trabalho realizado
A outra vertente do vale nº 5, no final do dia

Foi, este em particular, um dia vertiginoso, em que se trabalhou quase até às 19:30h e com um ritmo que só um dia com a frescura deste poderia permitir. Aliás, talvez demasiado vertiginoso para os voluntários que, como se sabe, são sempre um recurso muito escasso, e cuja boa vontade importa poupar. Mas claro, os objectivos a alcançar não se conseguem sem trabalho e, como já aqui foi expresso muitas vezes, o trabalho voluntário traz uma qualidade que o trabalho remunerado não pode expressar, a não ser que seja realizado com o próprio espírito de um trabalho voluntário. Por isso, ainda que os voluntários sejam sempre poucos, reflexo de uma sociedade cujos valores lhe secam a alma, este projecto não se cansará de apelar à participação voluntária. Ou cansará?

No final do dia de trabalho

Um obrigado aos voluntários presentes neste dia.

P. D.

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