No dia 24 de Outubro realizou-se mais uma jornada de trabalho no Cabeço Santo. Este dia foi inteiramente dedicado à sementeira de bolotas (sobretudo de carvalho mas também ainda algumas de sobreiro). A pequena equipa deslocou-se logo pela manhã até ao sítio conhecido por Ribeira do Tojo, onde a Quercus tem em fase de aquisição algumas áreas ribeirinhas ao Ribeiro de Belazaima. Os trabalhos iniciaram-se por uma área que já tinha sido sujeita, no passado, a mobilização do solo com formação de socalcos, uma operação com grande impacto paisagístico e na estrutura do solo. Por isso, nestes socalcos, ainda com rebentos de eucalipto e acácias que deverão ser eliminados em breve com herbicida, a implantação de novas árvores só é minimamente viável na própria linha de plantação dos eucaliptos, onde se acumulou o solo arrancado à encosta para formação do socalco. Para além deste aspecto, toda a paisagem que aqui nos cerca é quase desoladora, quase sem árvores, com imensa lenha queimada ainda espalhada pelo solo, e com as margens do ribeiro quase sem vegetação nativa, pois que se encontravam densamente invadidas com mimosa. Já numa pequeníssima parcela da Junta de Freguesia ficou contudo um carvalho grande, que embora muito maltratado após o incêndio de 2005, produziu muitas bolotas este ano, ainda que pequenas. Essas bolotas foram já quase todas comidas, mais uma vez pelos nossos conhecidos javalis, que ainda na noite anterior ali tinham estado, como pudemos verificar num lamaçal ali perto. De facto, temos de reconhecer que estes animais praticamente não encontram alimento numa área muito vasta (em todo o Cabeço Santo apenas três ou quatro carvalhos produziram bolotas este ano), o que os deve levar a explorar intensivamente todas as oportunidades. Por outro lado também não têm predadores, nesta paisagem profundamente alterada e artificializada.

A sementeira continuou até ao final da manhã, agora numa área ainda a sul do ribeiro mas umas centenas de metros a montante da primeira. O tempo estava excelente para este trabalho.
Depois do almoço a sementeira continuou, agora a norte do ribeiro, numa área também adquirida pela Quercus, e que, como a primeira, fazia parte de antigas parcelas onde os habitantes da desabitada povoação de Belazaima-a-Velha, 1 km a montante, praticavam a sua agricultura de subsistência. Ainda há escassos 50 anos esta paisagem tinha um aspecto completamente diferente do actual. Não será incorrecto afirmar que a degradação sofrida nos últimos 40 foi a mais rápida e destruidora de toda a milenar história desta paisagem.
A sementeira continuou em direcção ao vale nº 6, já na propriedade da Silvicaima, onde já no Inverno passado tinham sido plantadas árvores – medronheiros na encosta, carvalhos no vale. Estas apresentavam-se, em geral, bastante bonitas, mas a eliminação das invasoras, essa, esteve longe de ser total, o que prenuncia a necessidade de ainda muito trabalho para a realização desse objectivo. Ainda mais será necessário a montante do vale 6, onde a intervenção inicial se fez apenas na margem direita, este ano.




O dia terminou com a sementeira de uma área que não tinha sido plantada, já junto ao caminho principal, mas ainda na vizinhança do vale nº 6. Aqui a madeira queimada em 2005 ainda se acumulava de tal forma que a simples progressão no terreno era tarefa difícil. As mimosas distribuiam-se aqui com enorme densidade, mas elas e os eucaliptos foram largamente eliminados por pulverização de herbicida já este ano. De facto, neste local seria quase impossível plantar qualquer árvore, pelo que só nos resta esperar que a sementeira seja bem sucedida. A foto de encerramento foi tirada tendo por fundo este local tão maltratado, com votos de aqui voltarmos daqui a 5, 10 e 20 anos testemunhar a evolução desta paisagem e, … tirar uma foto. Não esqueçam, a próxima é no final de Outubro de 2014!

Um obrigado ao voluntário presente nesta jornada.
Paulo Domingues