Já se realizaram três jornadas voluntárias sem o devido registo neste blogue, por isso vamos a isso, ainda que de forma sucinta.
No dia 15 de Abril, ainda com o matagal em plena floração, realizaram-se trabalhos de cuidado das árvores autóctones e remoção de mimosas e eucaliptos na zona de Vale de Barrocas em torno do antigo caminho para Belazaima-a-Velha.
O Vale de Barrocas compreende de facto três linhas de água temporárias, muito perto umas das outras e cada uma com uma ou mais nascentes ainda com aproveitamento. Em torno desses vales, devido à maior humidade e solo mais fértil, toda a vegetação cresce de forma exuberante: as árvores e os arbustos, mas também o silvado, os fetos e o matagal. Por isso, é necessário muito trabalho de roçadora e também manual para ajudar no processo de evolução para uma ocupação do espaço dominada pelas árvores e pelos arbustos. Estes, por seu lado, ainda necessitam do corte de rebentação secundária que resultou da selecção progressiva de rebentos que foi feita após o incêndio de 2017. Tudo isso se fez nesta jornada, sem esquecer, é claro, a remoção de bastantes mimosas e eucaliptos dispersos, que nestas condições também crescem vertiginosamente.






Na jornada seguinte, a 29 de Abril, também se trabalhou no Vale de Barrocas, mas lá mais em baixo, perto e ao longo do ribeiro. Aqui também foi necessário abrir caminho com a moto-roçadora, mas a atenção esteve mais centrada nas muitas mimosas que por aqui ainda cresciam, não obstante já se terem realizado aqui vários trabalhos depois do incêndio de 2017. Também se iniciaram trabalhos de controle do silvado no lado norte do ribeiro (Chão do Linho), a fim de se poderem cuidar e ajudar as árvores da maior das várzeas existentes a montante do Vale de São Francisco.









Finalmente, a jornada de 13 de Maio, mais participada, foi especialmente dedicada às invasoras, pois que se integrou na Semana sobre Espécies Invasora Portugal & España 2023. Desta vez o foco foram as mimosas, alguns eucaliptos e ainda acácias-de-espigas, também na zona do Chão do Linho. Durante a manhã abordou-se uma encosta, progredindo-se para poente até um vale muito pequeno, mas onde antigamente se praticava agricultura em socalcos igualmente muito pequenos separados por muros de contenção. Devido à humidade e ao solo mais fértil, estes socalcos ficaram rapidamente impenetráveis após o incêndio de 2017: silvado, matagal e mimosas disputaram avidamente este espaço e ainda só parcialmente tinha sido possível avançar aqui. Mas desta vez, usufruindo da equipa numerosa, avançou-se decisivamente: o matagal e o silvado foram cortados com a roçadora e depois a equipa cortou, desramou e arrumou o muito material lenhoso que aqui existia. Ainda assim, as mimosas maiores foram apenas descascadas.






À tarde, a equipa continuou na várzea onde os trabalhos se tinham iniciado na jornada anterior: aqui, para além do corte do silvado e das mimosas, cuidaram-se também as árvores instaladas, muitas delas plantadas, sobretudo desramando ramos baixos.










Tinha sido uma jornada bem produtiva, também graças à grande e activa equipa que participou.
Não obstante a exuberância do entorno e a frescura do ribeiro, as condições de secura derivadas da falta de chuva são já bem patentes nesta paisagem, que “anseia” pelo precioso líquido vindo do céu. No próximo Sábado, 27 de Maio, está prevista a realização da caminhada anual de visita à área de intervenção do Projecto Cabeço Santo e há uma probabilidade significativa de que chova. Oxalá assim aconteça e, se for durante a visita, recebe-mo-la de braços abertos e quem sabe, até dançando…
Vamos por isso a esta jornada de observação, estudo e celebração, também colhendo inspiração e energia para trazer algo de positivo a esta paisagem no resto do ano! Porque logo a seguir, para a última jornada da Primavera, já há planos de trabalho…