Quase dois meses depois, é tempo de fazer um balanço das consequências do incêndio de 28 de Abril e olhar para uma série de eventos que dele resultaram.
Em primeiro lugar é devido um agradecimento a todos aqueles que de alguma forma quiseram manifestar o seu apoio, por palavras ou acções: quem comentou no artigo então escrito, quem telefonou, quem escreveu mensagens, quem disponibilizou recursos.
Um dos aspectos singulares que marcou este incêndio foi a particular atenção mediática que lhe foi concedida, por certo também relacionada com o facto de ele ter ocorrido num momento invulgar do ano. No próprio dia aconteceram as coberturas da SIC (http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2017-04-28-Rajadas-de-vento-dificultaram-combate-as-chamas-em-Agueda) e da TVI (http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/fogo-florestal/bombeiros-dao-como-dominado-incendio-em-agueda). Da primeira há a destacar a curiosa referência ao corredor ecológico que o Projecto Cabeço Santo está a criar ao longo do ribeiro, e que assim ganhou uma inesperada exposição. Ainda do dia do incêndio há esta peculiar reportagem (http://portocanal.sapo.pt/noticia/120927/), onde há a destacar dois aspectos: o suposto anúncio de que este ano muito iria arder nesta região, também afirmado por um algo anedótico escrito no Facebook, e o lapso do Vereador Jorge Almeida, por certo mal informado quanto à extensão dos danos causados ao projecto. O primeiro aspecto parece ter sido assumido pelas pessoas da freguesia como uma ameaça real, com risco de se materializar onde ainda não ardeu em 2013, 2016 e 2017. Quanto às razões para uma tal ameaça, ninguém as parece conhecer. [Hoje mesmo, 18 de Junho, quando todas as atenções estão voltadas para a tragédia de Pedrógão Grande, novo acendimento nocturno se produziu em Belazaima, felizmente sem grandes consequências].
Também referência a um artigo saído no jornal Público (https://www.publico.pt/2017/05/02/local/noticia/incendio-de-agueda-afectou-significativamente-projecto-do-cabeco-santo-1770740), segundo uma notícia veiculada pela Agência Lusa, e com claras incorrecções, concretamente no que toca aos motivos para não se terem realizado as limpezas de material combustível. Poucas horas depois de ter saído a notícia propus uma correcção da mesma, apresentando-me como responsável pelo projecto e deixando um contacto telefónico. Mas nada, o Público preferiu ignorar e desinformar os seus leitores. De passagem, o entrevistado visado e presidente da Direcção do Núcleo Regional de Aveiro garantiu-me que não disse aquilo e que o jornalista foi tendencioso… E se assim foi, mais do que tendencioso: deturpador!
Ainda no que toca a reflexos mediáticos do incêndio, há a destacar a reportagem especial realizada pela SIC, já em jeito de reflexão (http://sicnoticias.sapo.pt/programas/reportagemespecial/2017-06-12-A-prova-de-fogo-1).
Entre as ofertas de apoio mais explícitas há que referir as dos grupos congéneres Movimento Gaio e Associação Montis, mas particularmente esta última e do seu responsável, Henrique Pereira dos Santos, de cuja pena saíu o artigo http://montisacn.blogspot.pt/2017/05/aprender-em-conjunto.html. Embora sabendo bem que o uso de fogo controlado é sempre uma opção discutível (ver por exemplo http://blogueiros.axena.org/2013/09/06/incendios/) uma perspectiva a posteriori dos acontecimentos de Belazaima leva-nos de facto a concluir que, se não integralmente, pelo menos um fogo controlado parcial teria sido uma opção sensata.
Também em resultado das manifestações de apoio recebidas, os dois colaboradores da Montis estiveram um dia inteiro no Cabeço Santo realizando trabalhos de engenharia natural de contenção da erosão numa área ribeirinha muito declivosa da mata da Altri Florestal. Aproveitamos para a agradecer à Montis esta contribuição! As fotos desse dia, 31 de Maio, são da Sara.





Quanto às consequências para as árvores e arbustos plantados este ano, criou-se inicialmente uma certa expectativa quanto à possibilidade de muitos deles rebentarem. No entanto pode-se já afirmar que não foi assim: a grande maioria não rebentou e terão de ser replantados na próxima época, aproveitando os mesmos locais e a fertilização e mobilização do solo já realizadas. De facto, ainda antes da plantação, e usufruindo do facto de se esperar uma grande produção de bolota de carvalho-roble este ano, deverão realizar-se sementeiras ao longo dos mais de 12 ha que estarão disponíveis para se iniciar ou retomar a recuperação a partir deste ano.












Entretanto, a jornada prevista para 17 de Junho, a última da Primavera de 2017, foi adiada por previsão de temperaturas elevadas, que tornam qualquer trabalho de campo durante o dia extremamente desgastante. Adiou-se para o Sábado seguinte, tornando-se assim a primeira jornada de Verão. No calendário, claro, porque no terreno já é Verão há muito tempo. O anúncio das Jornadas Voluntárias de Verão virá já a seguir. Oxalá seja mais sereno que a Primavera que o precedeu…
Paulo Domingues
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