Iniciou-se com grande dinâmica o ano voluntário de 2016 no Cabeço Santo com uma jornada de plantação de árvores na qual terão participado umas 17 pessoas, embora nem todas o dia todo. As árvores eram carvalhos, sobreiros, azereiros, lódãos, amieiros e freixos, sendo que os carvalhos tinham sido produzidos localmente. O local foi o “corredor ecológico” ribeirinho na margem direita do Ribeiro de Belazaima, imediatamente a jusante do portão da mata da Altri Florestal. Aqui a intervenção iniciou-se em 2015, numa área que tinha essencialmente eucaliptos, agora apresentando ainda uma rebentação seca devido à eliminação por aplicação de herbicida a que foram submetidos.
Como havia alguns voluntários estreantes nestes trabalhos e no Cabeço Santo, começou por se fazer uma pequena demonstração do trabalho de plantação. E eis que este se inicia com uma cuidada selecção de cada local de plantação. Num terreno como este, uma encosta por vezes inclinada, voltada a sul e já sujeita no passado a uma mobilização para a plantação dos eucaliptos, a superfície é irregular e com muitos afloramentos pedregosos à superfície. Ora, o local de plantação deve ter o mais solo possível, mas isso não é imediatamente visível ao olhar. É necessário desenvolver uma intuição apurada para identificar os melhores pontos do terreno mesmo que eles estejam cobertos de ramada ou vegetação. Seleccionado o local, abre-se a cova com uma picareta ou com uma enxada, mas se se descobre que o local afinal não era bom, o melhor é abandoná-lo, sobretudo se a árvore a plantar for um carvalho ou um sobreiro, que são plantas mais exigentes. Depois de aberta a cova coloca-se um adubo fosfatado de fertilização em fundo, que tem como objectivo estimular o crescimento das raízes. Acrescentam-se também algumas mão cheias de composto orgânico e mistura-se muito bem com o solo. Depois coloca-se a planta e distribui-se a terra do buraco em torno do torrão. Finalmente, coloca-se, pelo menos nos carvalhos, um tubo de protecção. E já está! Parece fácil, mas neste terreno pedregoso, inclinado e com raízes de eucalipto nem sempre é fácil abrir um buraco e a ferramenta é pesada. Mas, como a motivação dos voluntários era grande, os trabalhos decorreram com grande animação durante a manhã.










À tarde, as dificuldades em vez de diminuírem, para contrariar o cansaço crescente, aumentaram! O terreno tornou-se mais inclinado e era mais difícil encontrar um bom local de plantação. Mas curiosamente, como aqui o eucaliptal não era tão vigoroso, era possível encontrar muita rebentação de carvalho, para além de árvores danificadas pela queda dos eucaliptos. Estas são as plantas que agora é precioso recuperar, pois já têm um sistema radicular desenvolvido e beneficiam da ausência dos poderosos concorrentes com os quais tiveram de competir até agora.



Foi um dia fresco mas muito luminoso, o que ajudou a manter o entusiasmo em níveis elevados. O crepitar das abundantes águas do ribeiro lá em baixo e a visão de uma pequena mancha de carvalhal que conseguiu sobreviver nas margens do ribeiro a décadas de exploração do eucaliptal também ajudaram e muito. Como nota de curiosidade, a área de eucaliptal que agora se podia observar atrás da mancha de carvalhos da margem esquerda do ribeiro foi uma das primeiras a ser plantada nesta freguesia, ainda em finais da década de 40. Agora imaginem este pedaço de paisagem daqui a outros 75 anos! Que história poderá contar?


Um obrigado a todos os voluntários, que vieram desde Lisboa até Aveiro, passando pela Figueira da Foz! E ao grupo de “Ajudadas” do Aveiro em Transição! No Cabeço Santo é por demais evidente que estamos em “transição”!
As fotos foram de Abel Barreto, António Vidal e Paulo Domingues.
As jornadas de plantação de árvores continuam já dentro de duas semanas. Até breve!
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