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No dia 5 de Junho foram instalados no Cabeço Santo 5 novos enxames de abelhas, três em ninhos de colmeia lusitana, um numa colmeia adaptada da lusitana segundo as ideias do “permapiculturista” argentino Oscar Perone e uma hTBH, uma colmeia horizontal segundo as ideias do inglês Philip Chandler (www.biobees.com). Sempre presente nesta instalação esteve e continuará a estar o princípio de conduzir o maneio apícola da forma mais saudável possível para as abelhas, experimentando o que se vai fazendo nesse domínio noutras paragens.

As colmeias lusitanas serão geridas segundo os princípios da apicultura biodinâmica, que tem como principais critérios deixar as abelhas construir o ninho sem os constrangimentos impostos pela aplicação de cera moldada, a utilização de preparados à base de plantas, as intervenções na colmeia segundo os ritmos do calendário lunar e o controlo da varroa mediante as abordagens específicas da biodinâmica.

A colmeia Perone caracteriza-se por o ninho se considerar um espaço “sagrado” onde o apicultor não intervém. O espaçamento entre os favos é reduzido ao mínimo (segundo Perone isso ajuda a colónia a controlar a varroa) e o volume do ninho é enorme para os padrões habituais. No caso da colmeia instalada no Cabeço Santo trata-se de um ninho duplo de colmeia lusitana e isso ainda é o mínimo que Perone aconselha.

A colmeia hTBH é a “vivenda” das colmeias e caracteriza-se por não ter quadros mas apenas barras a partir das quais as abelhas constroem os favos. Estes dispõem-se apenas horizontalmente e não verticalmente, como nas colmeias “normais”, nas quais as meias-alças de reservas (mel) se vão acrescentando sobre o ninho. Na colmeia horizontal as reservas são apenas barras adicionais, cada vez mais afastadas do centro do ninho. Isto permite colher estas reservas com perturbação mínima sobre o ninho. Na hTBH os favos não são quadrados nem rectangulares mas têm uma forma mais próxima do que as abelhas construiriam naturalmente. Outra característica interessante desta colmeia é ter um “eco-floor”, um chão onde se promove o surgimento de uma fauna de insectos úteis à reciclagem e limpeza dos resíduos do enxame. A arquitectura da colmeia hTBH ajuda a colónia a manter as condições internas necessárias mesmo quando exteriormente a temperatura, a radiação, e outras condições são extremas. É também uma bonita colmeia!…

Instalação de um enxame numa colmeia lusitana
Instalação de um enxame numa colmeia lusitana
Instalação de um enxame numa colmeia hTBH
Instalação de um enxame numa colmeia hTBH
Abelhas no espaço do ninho
Abelhas no espaço do ninho
Rainha na gaiola
Rainha na gaiola
Colocação das barras de suporte dos favos
Colocação das barras de suporte dos favos
Colocação da rainha
Colocação da rainha

Os enxames para povoar estas colmeias vieram dos Açores (http://apizores.blogspot.pt/) em caixas sem qualquer quadro ou favo, a situação mais favorável quando se pretende instalar colmeias em modo de produção biológico sem que existam fornecedores de núcleos (enxames em pequenos ninhos) criados desse modo. Mesmo que existissem, a transição para uma colmeia como a hTBH seria sempre mais complicada.

Apiário do Cabeço Santo no dia seguinte à instalação dos enxames
Apiário do Cabeço Santo no dia seguinte à instalação dos enxames
Colmeia horizontal (hTBH)
Colmeia horizontal (hTBH)

O apiário do Cabeço Santo fica assim com 7 colmeias, sendo duas as que se puderam conservar do apiário original. Só essas produzirão mel este ano. As restantes precisarão de um ano para criarem os seus ninhos e as suas reservas essenciais.

No Sábado seguinte, 7 de Junho, estava prevista a visita anual ao Cabeço Santo. Mas, já por uma vez adiada, acabou por não se realizar, devido às promessas de chuva que se anunciaram na véspera. Afinal a manhã acabou por ser uma bela manhã de Primavera, embora com efeito tivesse chovido ao princípio da tarde. Para compensar, aqui ficam algumas imagens, todas das imediações do Vale de Barrocas, obtidas no dia 7. A primeira é de um dos locais de plantação do último Inverno (margem direita), sendo que na outra margem ainda está (quase) tudo por fazer.

Ribeiro a montante do Vale de Barrocas
Ribeiro a montante do Vale de Barrocas
Umbigo-de-Vénus (Umbilicus rupestris)
Umbigo-de-Vénus (Umbilicus rupestris)
Pequeno carvalhal, a montante do Vale de Barrocas
Pequeno carvalhal, a montante do Vale de Barrocas
Anahrrinum bellidifolium atraindo abelhões
Anahrrinum bellidifolium atraindo abelhões
Flor de Cistus salvifolius
Flor de Cistus salvifolius

No dia 14 de Junho realiza-se a última jornada voluntária de Primavera, mas, agora ao contrário, o vento está já a prometer mudar e preveem-se para Sábado temperaturas acima de 30ºC. Aqui fica desde já uma ideia para os potenciais voluntários: começa-se bem cedinho (7:30h?) e trabalha-se só de manhã. Quem quiser trazer saco-cama e dormir em Belazaima, por certo que se arranja espaço. É a despedida da Primavera de 2014!

Paulo Domingues

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