No dia 23 de Julho…

No dia 23 de Julho não se realizou a jornada voluntária prevista, por falta (a tempo!) de voluntários disponíveis, pelo que o ano de trabalho que agora se encerra se concluiu com uma pequena visita para observações, cujos resultados aqui são partilhados com todos os que seguem os trabalhos deste projecto com interesse.

A visita começou pelo vale nº 3, o primeiro a ser plantado no último Inverno, e que já foi alvo de trabalhos de acompanhamento. Encontram-se aí árvores muito bem implantadas e com bom crescimento.

Um carvalho plantado este ano junto ao vale nº 3

No sopé da grande escarpa onde já existiu uma exploração de água, um fio ainda corria, o suficiente para manter viçosas algumas plantas e atrair insectos como as libéluas.

Na base de uma escarpa do vale nº 3
Uma libélula no vale nº 3

Aqui e ali novas plantas de acácia-de-espigas continuam a aparecer, mesmo num local que já foi sujeito a várias “vagas” de eliminação, mostrando bem a determinação que este trabalho requer.

A acácia de espigas não desiste, nós também não...

Finalmente, uma perspectiva geral sobre este vale, no passado integralmente ocupado pela cultura do eucalipto.

Uma perspectiva do vale logo em cima da escarpa

Subindo um pouco, já numa encosta entre os vales 3 e 4a, o medronhal, que nunca chegou aqui a ser completamente excluído pelo eucalipto, talvez devido à pobreza do solo, também ainda não se conseguiu ver livre dele, o que neste caso se deveu a uma acção menos eficiente do herbicida utilizado para excluir os eucaliptos.

Neste medronhal, algum trabalho ainda a fazer

Já no terreno adquirido pela Quercus em 2006, uma surpresa desagradável: a organização de uma prova de bicicletas tinha, de forma abusiva, aberto trilhos a corta-mato no terreno, deixando ainda plásticos e outro material espalhado pelo terreno. Se não tivesse já aqui sido contada a história da galinhita vermelha e do grão de trigo (https://ecosanto.wordpress.com/2010/04/21/intermezzo-na-primeira-pessoa/), poderia sê-lo agora. Adicionalmente, há forte suspeita de que os responsáveis de agora sejam os mesmos de um dos tristes eventos aí relatados, o que se procurará confirmar.

Para usufruir sem contribuir e ainda estragar, não falta quem...
Mais do mesmo
E ainda mais...

Ao deixar este local, uma perspectiva do terreno da Quercus, onde os ramos dos medronheiros queimados em 2005 ainda se destacam entre os rebentos já com quase 6 anos de crescimento.

Uma perspectiva do terreno da Quercus nas Bicas de Aguadalte

Um pouco mais à frente, a observação de uma área de solo pobre onde a Altri florestal autorizou a reconversão de uma mancha de eucaliptal e logo ao lado outra onde um grande grupo de voluntários realizou um trabalho de corte de acácia-de-espigas. Os restos das plantas então cortadas ainda são visíveis no solo. Quanto ao resultado, é inegável que foi muitissimo positivo, ainda que não definitivo: olhando à volta, ainda é possível encontrar muitas plantas daquela espécie invasora, mas que são agora apenas uma pequena fracção do que eram aquando da referida jornada. Um exemplo capaz alimentar a motivação de novas equipas voluntárias para um trabalho que não é propriamente fácil.

Área pobre de reconversão de eucaliptal
Área onde já se realizaram intensos trabalhos

Mais à frente, uma Pontia daplidice visitava uma Erica cinerea

Borboleta visita urze

Logo ali, a cabeceira do vale nº 3, um dos locais onde a eliminação da mancha de acácia-de-espigas aí existente se revela mais complicada: tendo já sido sujeita a um corte em 2009, muitas plantas sobreviveram porque não as foi possível cortar pela base devido à lenha queimada e ao carácter pedregoso do terreno. Há que continuar, sem desistir, mas também sem esperar uma solução rápida.

Aqui a acácia-de-espigas ainda está longe de estar controlada
Outra perspectiva quase assustadora

Agora uma perspectiva da mancha de medronhal existente entre os vales 4a e 4b, um local onde o pinhal antes existente praticamente desapareceu para dar lugar quase sem esforço a esta formação nativa onde abunda também a urze-das-vassouras.

Medronhal junto ao vale 4b

No coração do vale 4b, esse sim “conquistado” ao eucaliptal, os carvalhos aí plantados em 2009 encontram-se com diferentes níveis de vitalidade, mas uma boa parte com excelente aspecto:

Carvalho plantado em 2009 no vale 4b

Já na zona superior do vale nº 5, depois da queimada realizada no Inverno passado, a pulverização da rebentação de eucalipto e mimosa foi realizada apenas há alguns dias, uma operação que deixará o terreno livre para as acções de recuperação seguintes a realizar já a partir do próximo Outono.

Vale nº 5, os trabalhos continuam já a seguir

A seguir uma passagem pelo vale nº 7, junto à Casa de Santa Margarida, sujeito a uma primeira operação de corte em 2009, seguida de uma pulverização com algum insucesso, principalmente devido à marca de herbicida utilizada. Em 2010 as operações de corte foram concluídas e já em 2011 foi realizada uma queimada controlada para queimar a imensa lenha de mimosa que ficou no coração do vale. Há poucos dias a rebentação que surgiu após essa queimada foi pulverizada. Quanto à rebentação visível na foto, ainda terá de ser de novo cortada e finalmente e sua posterior rebentação pulverizada no início do Outono, para que depois, entre o final do Outono e o Inverno se possam começar a introduzir as primeiras plantas nativas! Como se vê, nem sempre o trabalho é fácil e linear…

Vale nº 7, ainda com muitos rebentos de eucalipto

Descendo agora até ao vale do Ribeiro de Belazaima, uma perspectiva do limite actual da zona de intervenção do projecto, a montante: em primeiro plano, uma das últimas parcelas a ser adquirida e intervencionada, cuja densa rebentação de eucaliptos e sobretudo de mimosas foi ainda há poucos dias pulverizada com herbicida. Em segundo plano uma densa barreira de mimosas e eucaliptos, praticamente impenetrável, uma barreira que o projecto irá tentando quebrar nos próximos anos.

No Ribeiro, o limite presente da área de intervenção do Projecto

Para terminar, uma passagem pela última área plantada este ano, onde as árvores plantadas se encontram em geral com excelente aspecto, algumas já com 1,5 m de altura! A equipa que trabalhou nesse dia (https://ecosanto.wordpress.com/2011/03/20/ultima-jornada-de-inverno/) não brincou em serviço.

Bom trabalho!

Para concluir em beleza, um momento de repouso junto à ainda caótica paisagem ribeirinha que aqui se encontra foi bafejado pela luminosa aparição de um conjunto de libelinhas e libélulas de diversas cores e tamanhos, sinal de esperança para esta paisagem, e de estímulo para que, não obstante todas as dificuldades, resistências e mesmo obstruções, não desistamos de recuperar, pelo menos a parte dela que nos está acessível para esse fim. É com essa determinação que recomeçaremos os trabalhos no dia 3 de Setembro, cinco anos depois de se terem arrancado as primeiras acácias no primeiro campo de trabalho voluntário (https://ecosanto.files.wordpress.com/2008/02/relat_1ctv_belazaima.pdf).

Uma libelinha preta...
Outra dourada...
Outra azul...
Uma libélula riscada!

 E agora, mesmo para acabar, uma perspectiva do vale do Ribeiro a montante da cascata do moinho, onde a intervenção se realiza nas duas margens do Ribeiro (a jusante é, por agora, apenas numa margem).

A despedida!

Boas férias e até Setembro, com energias renovadas!

P. D.

2 Replies to “No dia 23 de Julho…”

  1. Passei por aqui buscando imagens da planta sabugueiro e me surpreendi com tamanha riqueza de informações em suas postagens. Parabéns! voltarei sempre para aprender mais um pouco.

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