Depois de uma semana de chuva e tempestades, depois ainda de uma noite de copiosa chuva, a manhã de Sábado, 19 apresentou-se radiosa, pronta a receber os voluntários para mais uma jornada no Cabeço Santo. É verdade que depois do céu limpo matinal, as nuvens ainda voltaram a aparecer, mas nem uma pinga veio estorvar os intensos trabalhos previstos para esta manhã: continuar a plantar árvores e arbustos no vale nº 2, uma faixa de protecção de uns 50 metros de largura no meio do eucaliptal de produção.

Começando por uma revisão à área plantada duas semanas antes, os cinco voluntários presentes dividiram-se depois em duas equipas que se atribuiram cada uma das duas vertentes do vale. Depois das áreas plantadas nas jornadas anteriores, agora o vale torna-se mais escarpado, com muitos afloramentos rochosos, onde só em alguns pontos é possível plantar alguma coisa. Da vegetação nativa que sobreviveu (heroicamente) às duras provações do passado recente destacam-se os medronheiros, as murtas e a trepadeira salsaparrilha-bastarda, sendo também frequentes os sanganhos (Cistus salvifolius e Cistus psilosepalus). Alguns medronheiros aparecem até sobre a rocha pura, um local onde seriamos incapazes de os plantar. Com a aproximação da Primavera, algumas plantas herbáceas começam já a florescer, como é o caso da Scilla monophyla (Cila), abundante em algumas áreas de solo superficial deste vale. Ocorre também a Cebola-do-mar (Urginea maritima).



As espécies a plantar eram o medronheiro, já presente no vale, e o carvalho-roble, plantado apenas nos locais mais frescos e de solo mais profundo, sempre não muito longe do coração do vale. As equipas progrediram vale abaixo com todo o cuidado, trabalhando sempre com o agradável som da abundante água que corria nesta altura. Claro, algumas pequenas quedas não puderam ser evitadas, mas nada de grave veio ensombrar este dia.


Pelo meio dia já as equipas tinham avançado bastante, deparando-se agora com vertentes extremamente declivosas e onde a queimada do ano passado não chegou, tornando o acesso extremamente difícil. Por isso, pelas 16 horas deu-se o trabalho de plantação deste vale por concluído. Ainda houve pois tempo para ir ensaiar uma nova área de plantação, junto ao Ribeiro de Belazaima. Trata-se de uma área um pouco a jusante do vale nº 7, cuja densa mancha de mimosas foi eliminada entre 2009 e 2010, estando agora disponível para plantação. Tem um problema: em alguns locais a lenha acumula-se com tal volume que o acesso é impossível. Aqui, dois ou três carvalhos sobreviveram ao fogo de 2005, alguns extremamente danificados. As ruinas de um moinho de água jazem junto ao Ribeiro. E não é só o moinho. Toda esta paisagem é uma enorme ruina, que só muito empenho, voluntarismo e paciência poderão recuperar. Mas os primeiros passos estão dados, agora é só continuar o caminho. É por isso que aqui continuaremos dentro de duas semanas. Por esta vez, o dia terminou com 180 carvalhos e medronheiros plantados, muito cansaço, muitas picadas de mosquito, e alguns pés molhados, circunstância que só um agradável lanche ao sol-pôr de um dia excepcional, sob o crepitar das águas correntes do vale nº 6, pôde amenizar.



Um obrigado a todos os voluntários.
P. D.
Mais um dia magnífico e belissimamente descrito. Sempre que não vou fico com pena. Vamos lá a ver se no dia 5… Abraço grande!
Há bastante tempo que sigo o vosso blog. O trabalho que fazem é muito bom mesmo. Também adoro plantar árvores, faz com que a nossa vida seja tão grande como a delas.
Muitos parabéns! Continuem assim!