No dia 31 de Julho o tempo meteorológico deu tréguas depois de uma semana abrasadora, permitindo a um grupo de 4 voluntários pôr mãos às ferramentas e realizar mais uma jornada de trabalho voluntário no Cabeço Santo. Pela manhã o destino foi mais uma vez a área de confluência dos vales 3, 4 e 5, uma das áreas que ainda tem manchas problemáticas de mimosa, dado não ter sido possível efectuar pulverizações em locais de difícil acesso, com imensa lenha queimada e ainda com muitas plantas nativas que interessava poupar.
Esperava-se que desta vez a pequena motosserra de apoio aos trabalhos colaborasse, mas na realidade ela fez suar alguns voluntários até se dignar trabalhar (e apenas durante algum tempo). Coisas de máquinas… Como noutra jornada anterior, formaram-se duas equipas, um elemento de cada uma com tesourão ou motoserra e o outro com um pequeno pulverizador de mão para aplicar o herbicida. A manhã decorreu com intensidade, só com uma pequena pausa para as laranjas. A relativa monotonia do trabalho era quebrada pelo encontro com uma bela árvore plantada no ano passado ou mesmo um arbusto espontâneo já antigo, pelo relevo escarpado, com grandes afloramentos de pedra de xisto, e pela água ainda corrente ao longo dos vales 3 e 4. É realmente interessante verificar como, apesar de todas as pressões que esta terra sofreu ao longo de décadas – exploração florestal, espécies invasoras, incêndios – ainda é possível encontrar muitos medronheiros, murtas, lentiscos e adernos espontâneos, que agora finalmente voltam a ter este espaço só para eles. A madeira queimada em 2005 (5 anos depois!) ainda é um obstáculo importante à progressão no terreno. Mas a dinâmica de trabalho foi grande, aproveitando a frescura da manhã, pelo que já eram 14 horas quando, já com as T-shirts bem encharcadas, se fez a pausa para o almoço.

À tarde ainda se continuou mais uma hora neste trabalho, mas depois passou-se a fazer uma inspeção às árvores plantadas ao longo das margens do Ribeiro para ver se precisavam de alguma intervenção. Arrancou-se vegetação concorrente e deu-se de “beber” a algumas mais sedentas.

Pelas 18:30h foi tempo de terminar esta última jornada antes de férias com uma pequena visita, quase com tantas tristezas como com alegrias. Poderia parecer a um qualquer cidadão deste belo e frágil planeta que nenhum, mas nenhum outro cidadão quereria ver um espaço como este (Foto A, de 2003) transformado num espaço como este (Foto B, de 2010). Mas a verdade é que há demasiados cidadãos deste belo e frágil planeta que não hesitam em fazê-lo, que não hesitam em transformar um belo lugar num horrível lugar, nem que seja por uma ninharia. E muitos outros que assistem, com uma não menos horrível indiferença. Essa é a verdadeira crise.


Um obrigado a todos os voluntários pelo seu empenhamento e entusiasmo. É justo neste momento enviar também um agradecimento especial à Alexandra, que, com o Telmo, tornou possível a realização de grande parte das jornadas de Primavera.

Boas férias a todos os voluntários e até Setembro.
P. D.