No dia 18 de Julho cinco voluntários vieram até Belazaima participar na jornada de trabalho voluntário anunciada. À sua chegada tiveram, talvez, uma surpresa: é que ao contrário do que tinha sido anunciado, os trabalhos propostos não eram “leves”, mas, vá lá, “meio pesados”! Tratava-se de intervir numa área do vale 3 onde, em Janeiro/Fevereiro, uma equipa da Associação Florestal do Baixo Vouga tinha realizado um trabalho de corte de eucaliptos e Acacia longifolia. Esta era a área há mais tempo invadida com esta acácia e que apresentava, antes de 2005, manchas muito densas de grandes arbustos dessa espécie, lá se encontrando ainda de pé os restos queimados de muitos deles. Ao longo do vale havia eucaliptos. No entanto, esta zona tem também bastante vegetação nativa, encontrando-se muitos medronheiros, lentiscos e algumas murtas e adernos completamente misturados com aquela vegetação exótica, isto para além da vegetação sub-arbustiva, dominada pelo sanganho-mouro. Por isso, e como será necessário realizar aqui pulverizações da vegetação exótica, era muito importante criar perímetros de protecção em torno de cada arbusto nativo, a fim de os poupar o mais possível aos efeitos da pulverização. E foi esse o trabalho dos voluntários durante a manhã de Sábado: cortar a rebentação da vegetação exótica em torno dos arbustos nativos. Os rebentos de eucalipto com machados, as acácias com tesourões. E a equipa foi subindo a encosta até bem de pois das 13 horas, quando rumou à Casa de Santa Margarida para o almoço. A temperatura já estava bem elevada, pelo que uma boa mesa à sombra era muito bem vinda.
Depois do almoço demos uma volta pela vizinhança da casa, observando as árvores aqui plantadas este ano. Os javalis parecem insistir em voltar até aqui, porque já havia mais uma dúzia de tubos de protecção dos carvalhos derrubados, tendo algumas das árvores sido arrancadas. Tudo indica tratar-se de tentativas de encontrar bolotas, ainda que infrutíferas. Mas, aparte alguns eucaliptos e acácias que por aqui existem dispersos, a paisagem apresentava um colorido bem bonito, com as urzes da espécie Erica cinerea agora em flor. Quanto às árvores plantadas, vimos que havia algumas com mais dificuldades, mas a maioria apresentava-se com bom vigor.
Dado que agora, ao princípio da tarde, o calor apertava, foi a oportunidade para mostrar aos voluntários um pouco do trabalho que está a ser realizado ao longo do Ribeiro de Belazaima por equipas de profissionais. Cá em baixo, com menos 250 metros de altitude e maior abrigo do vento, o calor apertava ainda mais, pelo que soube muito bem passar uns minutos bem alongados mesmo nas margens do Ribeiro, observando as libelinhas, e sob a sombra de duas grandes mimosas que sobreviveram quase intactas ao incêndio de 2005!
Depois, dado o calor e o cansaço já acumulado durante a manhã… finalmente algo mais leve e agradável: decidimos deixar o Cabeço Santo e vir até ao carvalhal da Ponte Nova, junto a Belazaima, usufruir do espaço, identificar as árvores, e trabalhar… à sombra. Primeiro foi tempo de encontrar algumas árvores plantadas já este ano entre a densa cobertura de fetos, que aqui crescem até uma altura superior a 2 metros, acabando por cair sobre as jovens árvores. Depois cortaram-se algumas mimosas que são restos de uma densa formação que aqui existia há uns 6 ou 7 anos atrás. Aqui o tempo passou depressa, e, por razões que nada tiveram a ver com esta jornada, o lanche acabou por acontecer já depois das 18:30h no parque do Moinho de Vento, ao som das muitas aves que por aqui chilreavam.
Um obrigado aos participantes nesta jornada e boas férias!
Entretanto, a equipa da Associação Florestal do Baixo Vouga terminou os trabalhos de corte da vegetação exótica na margem direita do Ribeiro que lhes estavam atribuídos. Isto significa que, nessa margem, a intervenção do projecto atingiu já os 1,8 km de extensão do ribeiro, esperando-se que atinja os 2 km ainda antes do final de Julho. Na margem esquerda, os trabalhos não estão tão avançados, ainda só se tendo realizado trabalho ao longo de cerca de 150 metros, mas espera-se atingir pelo menos 800 ainda este Verão.
As árvores propagadas este ano encontram-se já num abrigo sombreado, onde permanecerão até à época de plantação.
Entretanto, prosseguem os contactos para aquisição de parcelas privadas nas margens do ribeiro. Prevê-se para este ano a aquisição de cerca de 3 ha. Até ao momento apenas um dos cerca de 20 proprietários contactados (de cerca de 35 parcelas identificadas!) não esteve disponível para ceder as suas parcelas ao projecto. Houve proprietários que foram particularmente compreensivos, outros nem tanto. Um deles merece aqui desde já um agradecimento público, pelo facto de ter cedido gratuitamente as suas três parcelas com a área total de cerca de 1000 m2: o António José Morgado, da Póvoa do Vale do Trigo. Portanto, um dos objectivos deste projecto, que parecia impossível a alguns (por depender da boa vontade de um número considerável de pessoas), está em vias de ser largamente atingido.
Uma apresentação, desta vez do power point (6,5 MB), ilustra os trabalhos descritos.
Até breve.
Paulo Domingues