3ª Jornada de Trabalho Voluntário

Esta foi uma jornada quase inteiramente dedicada ao sobreiro. Não são conhecidas, nesta região, manchas florestais onde o sobreiro seja dominante. Ele ocorre sobretudo com árvores isoladas, ou em consociação com outras espécies nas pequenas manchas semi-espontâneas que chegaram até nós, mas manchas estas que se encontram sobretudo perto de zonas ribeirinhas, onde o carvalho-roble se encontra mais adaptado. É mesmo um sobreiro a árvore mais “monumental” de Belazaima, encontrando-se esta dentro do núcleo urbano e estando classificada como tal. Quando, por meados do sec. XX, a cultura rural tradicional se começou a eclipsar, processo que aqui foi muito rápido, devido à proximidade do litoral e à rápida absorção de novos modos de vida, havia notícia de várias árvores monumentais isoladas, quer sobreiros, quer carvalhos. No entanto, quer por descortiçamento indevido, quer por corte, quase todas elas foram destruídas.

No Cabeço Santo em particular, havia no passado poucas árvores porque a área era utilizada como pastagem extensiva e os rebanhos, como em todo o lado, eram um eficaz obstáculo à reconstituição de massas boscosas significativas. Mas, consociado com o mais abundante medronheiro, o sobreiro encontra-se também, disperso, numa distribuição talvez mais limitada pelas características do solo onde se conservaram os medronhais do que por motivos mais abrangentes de inadequação.

Os trabalhos de sementeira desta 3ª jornada ocorreram numa área de reconversão de eucaliptal para conservação da propriedade da Silvicaima. Trata-se de uma área onde o solo não é tão marginal como nas zonas de carácter mais rupícola, com exposição para oeste e relativamente seco, por se encontrar quase no alto da encosta. O solo já tinha sido mobilizado para a plantação de eucaliptos, o que, se por um lado o deixou largamente livre de vegetação espontânea, e portanto mais acessível, também o deixou muito misturado com pedras soltas, e portanto difícil de trabalhar. Mas isso já sabiamos porque tinham decorrido aí trabalhos de plantação de medronheiros. A visão que temos para esta área de uns dois hectares é portanto a de um bosque de características mediterrânicas no qual a vegetação arbórea dominante é constituída por sobreiros e medronheiros. Bosques espontâneos deste tipo, embora não se encontrem nesta região, podem ainda serem encontrados mais a sul.

Pelo facto de se tratar de um solo difícil, optou-se por fazer uma sementeira de bolotas de sobreiro em vez de uma plantação. A sementeira permite um estabelecimento mais vigoroso do sistema radical da planta do que a plantação, permitindo-lhe superar mais facilmente condições difíceis. Ao fazer-se a sementeira no final do Inverno, a bolota inicia rapidamente o seu desenvolvimento, ficando menos vulnerável a perdas. Por outro lado, a disponibilidade de bolotas nesta altura em fase inicial de germinação só é possível por conservação, o que, no caso do sobreiro, é particularmente difícil. Daí termos utilizado nesta sementeira bolotas fornecidas pela empresa “Semente do Sucesso, Lda”, tendo o seu responsável, Dr. H. Merouani, orientado e participado nos trabalhos de sementeira. Ainda assim, é essencial proteger as bolotas com tubos de protecção pois de contrário seriam rapidamente predadas, sobretudo por pequenos roedores (ratos).

bolota de sobreiro em germinação.jpg bolota já colocada no solo.jpg

Preparação final Sementeira conclu�da

O grupo de trabalho tinha 9 elementos, um dos quais não voluntário, a fim de operar uma máquina de abrir buracos. Rapidamente se estabeleceu uma divisão de tarefas no terreno, e os trabalhos progrediram a bom ritmo durante a manhã. Alguns voluntários puderam mesmo dedicar-se a outras tarefas como arrancar acácias ou cortar rebentos de eucalipto que tinham resistido à operação de eliminação por aplicação de herbicida.

Depois de um almoço em forma de piquenique, os trabalhos evoluiram com dinâmica encosta acima, até que os tubos de protecção se esgotaram, pelo que foi necessário ir buscar mais alguns para se poderem concluir os trabalhos, ocupando-se quase toda a área disponível nesta zona. E ainda houve tempo, no final do dia, para plantar uma dúzia de medronheiros no aterro de um novo caminho aberto pela Silvicaima. Balanço final: cerca de 250 sobreiros semeados e ainda os medronheiros.

Perspectiva do trabalho realizado Grupo de trabalho quase completo

E foi perante um pôr-de-sol radioso que o grupo se reuniu para uma foto final. Um agradecimento a todos os voluntários que participaram nesta jornada.

Paulo Domingues

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