Sobre as jornadas voluntárias de Verão

As jornadas de Verão iniciaram-se a 29 de Junho com uma jornada nas parcelas da Ribeira do Tojo plantadas este ano. O foco esteve nas próprias árvores, com remoção de plantas concorrentes e a melhoria das condições de retenção da água na vizinhança de cada árvore. Isto era útil, não apenas para o aproveitamento da chuva que ainda pudesse cair, mas também da água de rega. Outra operação centrada nas árvores foi a remoção de rebentações inadequadas para a formação das árvores.

Muitas mimosas, a maior parte de origem seminal, mas muitas também de rebentação do sistema radicular superficial das árvores cortadas observavam-se já. Mas de momento o principal esforço de redução da vegetação concorrente foi, para além do já referido, o corte de silvado, que cresce rapidamente nestas terras férteis e frescas.

Ainda houve tempo para cortar algumas mimosas numa área vizinha mais antiga. Como é uma área acessível e pouco declivosa, fez-se corte simples, na expectativa de que futura rebentação possa ser cortada com moto-roçadora.

Pequeno carvalho com abundante vegetação concorrente
Árvore cuidada
Mimosas em aparição!
Área mais antiga de onde se removeram mimosas. Ficou bonito, mas elas ainda voltarão!
A equipa do dia

O dia tinha sido fresco e húmido, com a jornada a deixar muitos pés molhados. Talvez uma despedida tardia da Primavera…

Uma jornada prevista para 20 de Julho não se realizou. O Verão tinha sido fresco até ao momento, mas na semana seguinte apresentou-se a sério…

A 3 de Agosto realizou-se uma jornada essencialmente dedicada à rega das árvores plantadas este ano. Começou-se na Ribeira do Tojo, onde as árvores se mostravam em boas condições. As exóticas já tinham também avançado e fez-se também uma primeira intervenção de controlo, sobretudo na rebentação das toiças.

À tarde regou-se na encosta em frente ao Moinho Novo, em Belazaima (junto ao Vale da Estrela). Esta pequena parcela tem uma “história” semelhante à da Ribeira do Tojo: estava ocupada por grandes mimosas e eucaliptos, que foram cortados e retirados no princípio do Inverno sem aplicação de qualquer medida de controlo da rebentação (herbicida). Como consequência, aqui, mais até do que na Ribeira do Tojo, talvez devido à exposição, a vegetação exótica já tinha crescido vigorosamente. Por isso, e como sobrou algum tempo, se fez aqui um trabalho importante de corte e arranque de plantas de mimosa e eucalipto.

Na rega utilizou-se um depósito de 1000 litros e a água bombeou-se do ribeiro
Aqui já no Vale da Estrela
Depois da rega fez-se algum trabalho na remoção de invasoras
A equipa do dia

A 31 de Agosto celebrava-se o 18º aniversário do arranque do projecto (acontecido a 1 de Setembro de 2006). A jornada “festiva” realizou-se no Vale de São Francisco e o trabalho foi de corte e arrumação das mimosas secas descascadas no ano anterior e corte de silvado no acesso e em torno das árvores existentes na encosta junto ao vale. Não foram trabalhos fáceis, devido ao declive das encostas, mas com o bolo caseiro de aniversário, as energias estavam em alta e o volume de trabalho realizado foi expressivo.

Os trabalhos foram principalmente de arrumação de mimosas secas
O uso de moto-serras foi essencial. tornando o dia bastante ruidoso
O vale tem escarpas e declives elevados, o que não facilitava o trabalho
Vista de cima!
Ao almoço celebrou-se o aniversário com um bolo caseiro confeccionado por uma voluntária
Onde estão as autóctones e onde estão as invasoras?
Pelo final do dia, as encostas adjacentes ao vale já estavam bem diferentes
A equipa do dia

No dia 14 de Setembro o Verão entrava na sua última semana, mas, não só se mantinha seco desde Julho como prometia ainda alguns dias escaldantes para a semana seguinte. Por isso, não obstante com uma equipa reduzida, se decidiu fazer mais uma rega das árvores plantadas este ano, na Ribeira do Tojo e no Vale da Estrela. Foi também a oportunidade para constatar que as exóticas, sobretudo mimosas, tendo crescido ao longo do Verão, se encontravam agora com o tamanho ideal para serem arrancadas, um trabalho bastante mão-de-obra intensivo, já que a densidade de plantas é muito elevada. Por isso, desde logo se lançou um apelo à participação na primeira jornada de Outono, a 28 de Setembro.

Desta vez usou-se uma mangueira grande, … e um tractor grande
As mimosas aí estão, à espera de quem as arranque
Por outro lado, a Calluna vulgaris não esperou pela chuva para florescer!
Já no Vale da Estrela, numa encosta de declive elevado
Foi uma equipa pequena, mas eficiente

Entretanto, no dia em que estas linhas são escritas, 16 de Setembro, o dia não foi o mais quente do Verão mas é o mais cinzento, não de nuvens mas de fumo. Com uma situação meteorológica quase idêntica à de 17 para 18 de Setembro de 2005, o traiçoeiro vento de leste levantou-se pela calada da noite, e, apenas numa hora, entre a 1 e as 2 da madrugada de hoje, a temperatura aumentou mais de 12ºC (de quase 13 para 25) e a humidade relativa caiu de 91 para 21%. São os quatro ingredientes da tragédia (noite, vento de leste, temperatura elevada e humidade relativa baixa), que, contudo, necessitam de um quinto para se manifestarem: a mão humana. Foi assim de 17 para 18 de Setembro de 2005 em Águeda, Mortágua e Anadia, e assim foi de 15 para 16 em Oliveira de Azeméis, Sever do Vouga e Albergaria-a-Velha. A mão humana, entenda-se não apenas no atear do fogo, mas na criação de todas as outras condições que o tornam, ao fogo, tão destrutivo.

15 e 16 de Setembro, Belazaima. Ainda mais impressionante do que a subida de temperatura, entre a 1 e as 2 horas de 16, foi a queda da humidade relativa, que depois de quase ter atingido os 100%, cai para menos de 20

Mas, é claro, não podem ser estes eventos, e o risco de acontecerem de novo no futuro, que nos consigam fazer desanimar, pois de contrário nem teríamos começado, exactamente entre as cinzas de um grande incêndio. Por isso aqui renovamos o apelo à participação nas jornadas voluntárias, em particular na próxima, a primeira de Outono.

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