A primeira jornada de Outono realizou-se no dia 6 de Outubro como previsto. Integrada na Semana Europeia da Custódia do Território, foi inteiramente dedicada à sementeira de bolotas de carvalho-roble em diversas áreas de intervenção do projecto.
As bolotas tinham sido apanhadas nos dias anteriores, pois que só agora estão a cair. Não é uma produção abundante, a deste ano, mas suficiente para as necessidades.
Felizmente as condições do solo eram boas, pois já choveu, e, prevendo-se de novo chuva em breve, ainda melhor, pois os locais de sementeira ficam mais camuflados.
A pequena mas resoluta equipa começou numa extremidade da área de intervenção, uma área só este ano disponibilizada para trabalhos de recuperação, nas margens do ribeiro. Estas encontram-se quase nuas pois foi necessário remover praticamente toda a vegetação existente, constituída por eucaliptos e mimosas. Apenas algumas plantas de feto-real constituem memória do que já terá sido o luxuriante revestimento destas margens. Mas as marcas da milenar presença humana ainda são bem visíveis: os muros de contenção das terras, as levadas, os moinhos, mesmo uma casa de habitação, tudo isso, arruinado no espaço de uma geração, se pode encontrar aqui numa extensão de uma centena de metros. A equipa trabalhou neste espaço até ao meio dia, tempo de rumar a outro local.





E o local seguinte foi um troço do vale nº 6, a montante da cascata que o torna “famoso”, onde uma plantação de carvalhos bastante bem sucedida foi num ano ensombrada por uma mancha de eucaliptos mal “apagados”. Por isso foi necessário repetir a dose: corte e aplicação de herbicida. Mas os carvalhos, embora acossados, ainda se encontravam lá, crescendo em altura o mais possível para tentar fugir ao ensombramento dos eucaliptos. A sementeira de hoje tem como objectivo adensar a mancha de carvalhos. A Calluna vulgaris estava em flor, a lembrar que o Outono é, por estas paragens, quase uma segunda Primavera.




Seguiu-se o vale nº 5, num troço intermédio da sua extensão que ainda não tinha sido plantado nem semeado.


Finalmente a equipa terminou o dia noutra extremidade da área de intervenção, desta vez a extremidade mais a montante no ribeiro, já perto da aldeia abandonada de Belazaima-a-Velha. Em toda esta zona a presença das mimosas é “de arrepiar” e praticamente é preciso começar do “zero” quando se trata de promoção da vegetação nativa. Por isso se trabalhou numa parcela quase nua, onde a presença de imensa lenha ainda contribui para dar um aspecto ainda mais desolador à paisagem. Mas não passa despercebida a presença de um sobreiro de uns 10 metros de altura junto ao ribeiro, um sobrevivente de todos os cataclismos que atingiram esta paisagem.


E foi junto a outro sobrevivente, um carvalho ainda com vários rebentos da toiça a que foi reduzido com o incêndio de 2005, que a equipa deu por terminado este dia, inteiramente dedicado ao lançamento de sementes de futuro a esta terra sacrificada. Oxalá germinem!
Bonitas fotos, Paulo.
Tive pena não ter participado na sementeira e dado mais uma pequena contribuição para a renovação da paisagem do Cabeço Santo, mas fica para a próxima.