Embora este título faça crer que durante o mês de Agosto não se fez nada no Cabeço Santo, não foi assim. Até meados de Agosto continuaram os trabalhos de corte da vegetação invasora e as pulverizações da rebentação. Continuaram as negociações com proprietários de terrenos nas margens do Ribeiro de Belazaima. Aliás, com toda a evolução que o projecto teve nos últimos dois anos, a carta disponível na página “Carta da área de intervenção” encontrava-se já muito desactualizada pelo que agora já foi actualizada de acordo com os últimos desenvolvimentos.
Estando concluídos por este ano os trabalhos de corte de eucaliptos e acácias, pelo menos aqueles que implicam pulverização, já que os que se realizam com pincelamento da superfície de corte poderão continuar, pode-se já fazer um balanço: a intervenção terá atingido 25 a 30 hectares, tendo-se quase completado na propriedade da Silvicaima (ao nível da intervenção básica) mas tendo ficado por intervir áreas da margem esquerda do Ribeiro de Belazaima que estavam em programa. Para algumas delas ainda não foi possível chegar a acordo com os proprietários, mas não foi só por isso que não se realizou a intervenção: é que, mesmo com 4 equipas profissionais no terreno não foi possível fazer mais, sendo certo também que se dispendeu já praticamente todo o orçamento previsto para estes trabalhos no presente ano.




Agora, com a chegada do Outono, novos trabalhos se perspectivam, alguns dos quais poderão ser realizados por voluntários, como foi já escrito num artigo anterior. Um em particular poderá suscitar mais interesse: este ano há uma produção de bolota de carvalho-roble acima da média, de facto, uma produção como só se verifica de 10 em 10 anos, mais ou menos. É o tipo de ano em que a regeneração natural se verifica com mais intensidade, pois a grande abundância permite que um número expressivo de plantas ultrapassem os “perigos” que num ano normal dizimam a quase totalidade: predadores de bolotas, herbívoros que comem as jovens plantas, etc. Deste modo, surgiu a ideia de realizar este ano uma massiva sementeira de bolotas de carvalho-roble, o que permitirá, espera-se, diminuir a necessidade de realizar plantações, muito mais dispendiosas e em geral difíceis de realizar por voluntários. A sementeira realizar-se-á da forma o mais discreta possível, simulando a sementeira natural realizada pelos gaios, de forma a minimizar as perdas para os predadores, que são muitos e as adoram. Mas outras espécies poderão também ser semeadas, como veremos.
As actividades voluntárias iniciar-se-ão apenas em 26 de Setembro (e não em 12 como foi anunciado no artigo anterior), mas sobre elas haverá mais detalhes já nos próximos dias.
Entretanto as árvores plantadas no ano passado crescem a bom ritmo. Depois de um Verão suave, deparam-se agora, no final da estação, com uma temporada invulgarmente quente e seca, coisa que aliás experimentaram também logo que “chegaram” ao terrreno no final do Inverno. São as agruras do clima, às quais terão de se habituar, quiçá cada vez mais, se “quiserem” sobreviver.


Paulo Domingues