A jornada de 14 de Maio

A última jornada voluntária teve contornos inesperados. Logo para começar, as previsões meteorológicas não eram muito seguras: aguaceiros fracos de manhã, apenas céu nublado à tarde. Mas, numa perspectiva optimista, também eram do melhor que se podia encontrar entre as previsões das últimas duas semanas: tínhamos de arriscar. E assim foi: com cinco voluntários prontos, o número ideal para uma deslocação em exclusivo na carrinha de trabalho, pouco depois das 9:30h já nos encontrávamos a caminho do Vale de Barrocas pelo antigo caminho de acesso a Belazaima-a-Velha. Mas logo aqui começaram a acontecer “coisas”: vários eucaliptais têm sido cortados na zona, e o caminho tem sido utilizado para deslocar cargas de madeira naqueles tractores de rodas enormes. Resultado: o caminho estava um imenso lamaçal. Primeiro ainda se tentaram todos os recursos da carrinha: tracção às quatro, baixa velocidade… Mas finalmente nem assim: quando a pendente aumentou um pouco a carrinha recusou-se a avançar e logo se constatou que não havia condições para continuar por ali. Mas foi então que se descobriu outra coisa pouco agradável: com a pressa de sair tínhamo-nos esquecido de fechar o taipal traseiro da carrinha. Então, à medida que a inclinação do caminho ia aumentando, foram caindo coisas… na lama, claro: uma mala térmica com comida, um caixote com garrafões de água para beber, várias mochilas dos voluntários… Pelo lado positivo: a carrinha não ficou atolada, pois se não ia para a frente, pelo menos conseguia recuar, dado que era a descer. Então lá fomos recuando até conseguir inverter a marcha, parando de vez em quando para recolher as coisas do lamaçal… Lado positivo: ninguém ficou em pânico e das coisas que caíram só se partiu um garrafão (claro, ainda tiveram que se recolher os vidros da lama).

Para ir para o local pretendido pelo Feridouro era necessário dar uma grande volta, pois tínhamos que ir a Belazaima-a-Velha, um percurso de uns 10 km. E foi isso que fizemos. Ao passar por esta antiga aldeia, agora abandonada, arrepiámo-nos com a paisagem que se ia mostrando aos nossos olhos e continuámos. Mas antes de chegar ao Vale de Barrocas ainda parámos para cortar uns rebentos de eucalipto na encosta a sul do ribeiro do carvalhal do Cambedo. Foi o “baptismo” de trabalho para uma das voluntárias, estreante nestas coisas. Teria sido giro tirar uma foto aqui, mas toda a gente estava empenhada em compensar o tempo gasto na viagem e nas outras coisas e ninguém se lembrou. Foi já na parte final da viagem que se tirou esta foto, na zona da Ribeira do Tojo, de uma encosta florida já na mata da Altri. Mas deve-se aqui recordar que esta encosta já esteve densamente ocupada por mimosas!

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Uma encosta que já esteve densamente ocupada por mimosas, agora tem só uma!

Finalmente chegámos ao Vale de Barrocas, o nosso destino, e onde nos esperava um volumoso trabalho de corte de rebentação de eucalipto numa das novas áreas de intervenção. Mas eis que, aqui chegados, começou a chover! Entretanto já era quase meio dia e as previsões indicavam que depois das 12 não devia chover! Aguardámos que parasse, não sem antes recolher algumas coisas mais susceptíveis para dentro do habitáculo. Mas não parou, e com a hora do almoço a chegar e sem condições para o fazer dentro, nem se trabalhava nem se comia… Acabámos por decidir regressar ao Feridouro, onde pelo menos tínhamos abrigo. Mas, chegados aí, parou de chover. Até almoçámos ao ar livre, seguros de que a chuva tinha parado de vez e que, ainda que com tudo molhado e já não no Vale de Barrocas, ainda íamos conseguir ter uma boa tarde de trabalho. Mas, ainda a mesa se arrumava, recomeçou a chuva… Andámos por uma casa velha que ainda se há-de arranjar para receber voluntários e não voluntários e a tarde ia avançando… Depois separámo-nos: eu, relator do evento, fui acompanhar o presidente da Quercus numa visita pela área de intervenção, enquanto o restante grupo, graças a uma nova aberta que se apresentava, foi caminhar para jusante, em direcção à represa do Ribeiro, mais para observar do que para trabalhar, pois que a dinâmica do dia parecia definitivamente quebrada. Contudo, quando nos voltámos a reunir, garantiram-me que trabalharam, e a arrancar mimosas. Como disse, eu não vi nada, e também não tiraram fotos porque não tinham máquina, pelo que provas, não há, mas acredito que não disseram aquilo apenas para merecer o lanche… Deste modo, lanchámos, mas já na base de operações em Belazaima, para não sermos surpreendidos por mais um aguaceiro. E tirámos uma bela foto de despedida, com ferramentas que pouco usámos, mas claro, não é para enganar ninguém, é só porque ajuda a compor a foto, e afinal, se se trabalhou tão pouco, não foi por nossa culpa nem por falta de vontade.

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Depois de um “extenuante” dia de trabalho

E assim se passou esta invulgar jornada latina, com voluntários de Bolonha, de algures da France agricole, de Vagos e da casa. A próxima jornada é de visita e depois só temos mais uma jornada prevista a 18 de Junho! Vamos precisar de muitos voluntários neste dia para compensar tudo o que não fizemos a 14 de Maio. Vamos reservar já nas agendas?

Paulo Domingues

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