A Jornada final do Verão contou com 6 animados voluntários, podendo não apenas ser considerada “internacional” mas mesmo “intercontinental”! Contudo não houve problemas de comunicação entre os voluntários, que começaram o dia com uma agradável actividade de apanha de bolotas num sombrio e diverso carvalhal. Como as bolotas são como as cerejas (pequenas) a apanha prolongou-se por quase toda a manhã em diversos locais, para garantir a diversidade da colheita, e incluiu também a recolecção de algumas castanhas.

No parque de merendas da Póvoa-do-Vale-do-Trigo, a equipa admirou um carvalho centenário e observou diversos cogumelos. Um voluntário achou por bem ensinar os leitores deste blogue a distinguir as bolotas viáveis das inviáveis e as bolotas dos bugalhos, não vá alguém, entusiasmado por este exemplo, pôr-se por aí a apanhar bugalhos para semear no próximo Outono!




Já era meio dia quando a equipa subiu ao Cabeço Santo para uma espécie de repetição ajustada do programa de há duas semanas atrás: trabalhou-se uma hora nas háqueas e acácias-de-espigas entre as propriedades da Quercus e da Altri Florestal, junto à área trabalhada duas semanas antes, e almoçou-se não longe dos medronheiros carregados de frutos que por ali os continuam a amadurecer lentamente. Houve uma diferença: as nuvens e a neblina mantiveram o horizonte difuso e misterioso, pelo que as atenções concentraram-se na proximidade.

À tarde, a equipa cruzou-se (de novo) com os fantasmas de Belazaima-a-Velha, arrepiou-se com as mimosas que crescem no antigo caminho entre as Belazaimas e entregou-se ao trabalho na última área de plantação do Inverno, essa mesma onde tinha estado a equipa de há duas semanas. O desafio era remover as mimosas da margem do Ribeiro e assim iniciar a recuperação deste habitat tão mal tratado. O trabalho foi dificultado pela existência de lenha antiga nas margens, por vezes com silvado entrelaçado, mas a determinação da equipa foi grande e a verdade é que se conseguiu remover todas as mimosas de uma extensão de margem de algumas dezenas de metros. Foi interessante observar como a remoção das mimosas deu lugar à “aparição” de uma série de plantas nativas (salgueiros, loureiros, sabugueiros, carvalhos) que estavam lá, lutando desesperadamente contra “inimigos” tão poderosos, mas que não se viam porque estavam ocultadas por estes.


Talvez as imagens colhidas no final (durante os trabalhos não houve tempo para fotos; um voluntário lembrou-se de “pedir” um voluntário fotógrafo…) dêm uma impressão de uma paisagem caótica e agreste, com todos aqueles montes de ramada e lenha antiga com mais de dois metros de altura, mas a verdade é que os voluntários foram unânimes em considerar que tinha sido um progresso significativo na recuperação deste pedaço de Terra, e que se apenas uns dez por cento dos cidadãos pusessem mãos à obra em vez de se lamentar ou dizer mal de alguma coisa, que o drama dessa Terra aqui tão vivamente presenciado poderia ser transformado.

E assim, já com o pensamento nas Jornadas de Outono que se aproximam, os voluntários tomaram o seu merecido frasco de mel Cabeço Santo de 200g, e rotos a cansados, mas contentes, regressaram a casa.
Hoje, 18 de Setembro, completam-se 6 anos sobre o grande incêndio no Cabeço Santo, que deixou marcas numa vasta região, curiosamente já quase apagadas nas áreas de produção de eucalipto (não fosse o menos perceptível facto de numa extensa mancha as árvores terem todas sensivelmente a mesma idade) mas ainda bem visíveis nas mais levemente intervencionadas áreas com objectivos de conservação que são o alvo da atenção deste Projecto.

Em ecrã inteiro, estas e outras fotos em http://www.flickr.com//photos/cabeco_santo/sets/72157627696378926/show/
Até breve.
P. D.
Uma grande equipa, um grande dia, um grande piquenique, um grande trabalho tudo para uma grande recompensa.
Há dois dias, numa localidade perto da Batalha, descobri um lindíssimo bosque antigo, preservado, rico, por entre uma selva de eucaliptos e pinheiros. Aí tive o vislumbre, pela primeira vez, daquilo que pode, um dia, vir a ser o Cabeço Santo. E vale a pena esperar.
Abraço a todos!