Deste modo o dia foi inteiramente “dedicado” às plantas invasoras. Pela manhã, a equipa de cinco voluntários dirigiu-se para a área junto ao marco geodésico (o ponto mais elevado do Cabeço) para iniciar uma acção de corte de acácia-de-espigas. Mas antes admirou a paisagem circundante, neste dia com uma invulgar clareza de horizontes, devido à ausência da habitual neblina.

Depois lançou-se mãos ao trabalho. Esta área estava densamente invadida por acácia-de-espigas quando, em 2009, foi decidido realizar aqui uma acção de gradagem com uma grade de discos pesada, com o objectivo de quebrar e enterrar toda aquela massa vegetal. No ano seguinte foi realizada uma acção manual de arranque e corte das muitas plantas que resistiram a esse trabalho, e também foram plantados medronheiros.

Agora, mais um ano depois, verifica-se a necessidade de uma nova intervenção manual para remoção das plantas que ainda ocorrem e que ainda são muitas, embora a situação varie bastante de local para local. Constatou-se também o ignóbil abuso aqui perpetrado por ciclistas e até talvez motoqueiros, que abriram vários trilhos ao longo da área, numa falta de respeito inqualificável pela propriedade e por todo o esforço aqui realizado para recuperar esta paisagem. Com efeito, predadores da paisagem, esses, nunca faltam. Quanto a cuidadores…

O trabalho decorreu toda a manhã e envolveu voluntários equipados com tesourões e uma motosserra-podadora para os troncos maiores. Foi exigente, mas deu-se um avanço bem visível no terreno.
Para o almoço, a equipa deslocou-se até aos Cepos, aldeia abandonada 1km a montante de Belazaima-a-Velha, e outrora a mais remota da freguesia de Belazaima. Localizada já a meia encosta, tinha uma exposição solarenga, e, depois do incêndio de 2005, os descendentes dos antigos habitantes (ou até os próprios, já que o abandono da aldeia remonta apenas ao final dos anos 70) tomaram a iniciativa de recuperar a capela, e, embora sem grandes cuidados arquitectónicos, foi também recuperada uma casa para visitas ocasionais. Mas a pressão do eucaliptal circundante é opressora, pelo que, de momento, este não é um bom local para mais do que uma pequena visita. Assim foi: a equipa usufruiu de duas pequenas mesas junto à capela, almoçou à sombra dos eucaliptos que nos últimos seis anos já cresceram quinze ou vinte metros e descansou sob o “olhar” atento da Nossa Senhora de Guadalupe (não sabemos qual a explicação para um culto com origem no México aqui ter chegado).



Depois do almoço, a equipa voltou a arrepiar-se com as mimosas que circundam o caminho para Belazaima e deteve-se no derradeiro local de plantação do último Inverno, onde já se têm realizado trabalhos nas últimas jornadas.

Objectivos: libertar a antiga levada da lenha que aí se acumula, de maneira a poder ser utilizada como acesso, e ao mesmo tempo cortar as mimosas que ainda por aí sobrevievem, apesar de, com grandes dificuldades de acesso, já aqui se terem realizado pulverizações com herbicida. A levada, na margem direita, conduz ao limite actual da área de intervenção do projecto na zona do Ribeiro, e é uma das áreas paisagisticamente mais degradadas de todo o vale. É difícil olhar para o panorama que aí se nos depara sem um forte sentimento de angústia pelo estado a que se dexou chegar este pedaço de Terra. Claro, os voluntários resolvem-na colocando todas as suas energias no trabalho, ainda que muitos anos sejam necessários para que as mudanças sejam dramáticas.





Pelo meio da tarde a atmosfera encheu-se de fumo, fazendo lembrar o dia que deu o golpe quase final nesta paisagem, mas, após um momento de sobressalto, a equipa continuou até ao final do dia, e terminou quase já com o pôr-do-sol.

Na próxima jornada avançaremos com as sementeiras. Até lá!
P.D.