A segunda jornada voluntária deste Outono foi inteiramente realizada ao longo do ribeiro de Belazaima, como prometido. Objectivo: dar uma contribuição para a recuperação deste curso de água, que se encontrava no início do projecto totalmente asfixiado pela vegetação invasora, mimosas em particular. Em muitos kilómetros do seu curso restou uma galeria ripícola de algumas dezenas de metros, felizmente inserida em parcelas adquiridas pela Quercus. De resto, um mar de mimosas onde aqui e ali se encontra um salgueiro, um carvalho ou um feto, sobreviventes à hecatombe que atingiu esta paisagem.
O trabalho deste dia dividiu-se em duas partes. Pela manhã trabalhou-se numa área a algumas dezenas de metros do ribeiro, mais exposta e solarenga, onde se recupera uma mancha de carvalhal já existente antes de 2005. As árvores foram totalmente queimadas mas rebentaram de toiça, tendo-se no Inverno passado feito uma primeira selecção de rebentos. Mas nesta mancha encontra-se ainda muita lenha espalhada pelo chão, o que dificulta o controlo das muitas mimosas e eucaliptos que aqui ainda existem, já que neste local praticamente não se pulverizou, para poupar os carvalhos. Deste modo a manhã foi passada a arrumar lenha, e a cortar mimosas e eucaliptos.


À tarde, a equipa desceu até ao Ribeiro, agora já animado por um caudal mais generoso do que no final do Verão. Aqui fez-se algum trabalho de limpeza do silvado e de eliminação de mimosas dispersas numa área plantada (pelos voluntários) no Inverno passado. As árvores estão de boa saúde, depois das provações do Verão, e agora podem “respirar de alívio”: sobreviveram à primeira prova!

Mas ainda estava para vir o trabalho mais difícil deste dia: um pouco a montante extende-se ao longo das margens do ribeiro uma estreita leira, com largura não muito superior a 3 metros, antigamente com aproveitamento agrícola. Do lado oposto ao ribeiro é acompanhada por uma antiga levada, que conduzia a água de rega para todas as terras ao longo do seu curso. A levada está agora a ser reconvertida para caminho pedestre. Quanto à leira, está impenetrável, com o seu emaranhado de lenha queimada, silvado e mimosas que, mais uma vez aqui, devido à dificuldade de acesso e à proximidade do ribeiro, praticamente não receberam pulverização. A abordagem faz-se com uma mistura de motoroçadora, motoserra e trabalho braçal, e o avanço é lento, mas seguro. De vez em quando, no meio daquela confusão, encontra-se um salgueiro ou um carvalho, o que ajuda a compensar o esforço. Quando este trabalho estiver concluído, plantar-se-ão aqui carvalhos. Outro trabalho abraçado pela equipa foi o corte de rebentos dos carvalhos: estes pequenos rebentos surgiram como consequência da selecção de (grandes) rebentos realizada no Inverno passado, e devem ser cortados para dar a máxima força ao rebento ou rebentos principais. Este, ao contrário do anterior, um trabalho que qualquer voluntário faz com facilidade.



O encerramento dos trabalhos fez-se com a satisfação de se ter dado mais um pequeno contributo para esta valiosa acção de trazer de volta à vida um rio que estava moribundo, de dar um pouco de beleza a uma paisagem que estava à beira de desaparecer. Emocionantes acções que certamente ainda hão-de trazer muitos voluntários ao Cabeço Santo, que se não se fizeram presentes neste dia em físico, o terão feito em pensamento, em comunhão de intenções.

Até breve, no Cabeço Santo.